Caderno de Contos e Memórias de Domingos Teixeira |
Domingos Teixeira é um bujoense, mas nasceu no Brasil há muitos anos. Não interessa quantos.
Quando regressou, ele era ainda um menino.
Hoje, decorridos tantos e tantos anos, ele continua sendo um jovem.
Sim, porque o que conta para a idade é o espirito de jovialidade e, quanto a isso, o tio Domingos está na flor da idade!
Depois de regressar a Bujões, ele cresceu, como todos nós, num ambiente de dificuldades e nem sequer frequentou a escola primária. Quando chegou a hora de pensar em constituir família, ele nem sequer tardou muito a encontrar aquela que viria a ser a companheira de sua vida e casou com a tia Modesta. Vários filhos e filhas nasceram desse casamento feliz. Todos vivem no Brasil, no Rio de Janeiro.
Há muito pouco tempo, o tio Domingos sofreu uma perda irreparável ao ver partir a sua querida esposa. Ainda o ano passado visitaram Bujões em passeio, junto com alguns filhos. Infelizmente, tão pouco tempo decorrido, já a tia Modesta partiu e repousa tranquila junto aos eleitos de Deus.
O tio Domingos e a tia Modesta, juntos no passado e juntos no futuro 68 anos de casados, na Missa das Rosas de Santa Teresinha |
Sem pressas, ela vai esperar pelo seu Domingos, companheiro de sempre, pai dos seus amados filhos que não esquecem aquela mãe carinhosa que sempre esteve a seu lado nos bons e maus momentos. E muito menos vão agora esquecer seu pai, um homem tranquilo, de coração triste, sem dúvida, mas de forte coragem para superar esta perda e demonstrar quanta determinação ele tem dentro de si.
O tio Domingos é um homem com um espirito fantástico. Basta ver a beleza poética que irradia dos seus escritos, que impecavelmente transcreveu num caderno que sua filha Pascoalina me fez chegar.
Este blogue não poderia ficar indiferente e deixar no esquecimento muitas coisas que o tio Domingos escreveu. São as suas memórias de um tempo em que já só restam muito poucos. E que bonita é a forma como ele escreve! Iremos transcrever muitos dos seus contos nesta página, aos poucos, assim que o tempo nos permita. Não teremos possibilidades de colocar tudo, porque é muita coisa o que ele escreveu, mas alguns dos episódios irão figurar aqui para sempre, como preito de homenagem a um bujoense que nem andou na escola, mas que teve capacidade e inteligência para aprender e, numa caligrafia impecável e de fácil leitura, demonstrar que a força de vontade, o esforço e a juventude de espirito superam tudo! Em frente tio Domingos! Continue a dar-nos este exemplo magnifico de sensibilidade, de recordação de um passado que não volta mais, mas que é revigorante para si recordar e tão importante não deixar esquecido. Pelo seu significado, vamos trancrever literalmente o episódio nº 34 do seu livro e em seguida o nº 33. Outros se seguirão, daqui por uns tempos, mas recomendamos aos nossos leitores que leiam até ao fim e verão como Bujões ganhou mais um escritor, um homem sensível, portador de imensas recordações que marcaram o percurso da sua vida e com as quais comprova que não é preciso ser letrado para se demonstrar grandeza. Parabéns tio Domingos Teixeira. A sua simplicidade demonstra quanta bondade transporta dentro de si!
Santa Teresinha
MISSA DAS ROSAS - IGREJA DE SANTA TERESINHA
"Há muito tempo conheço esses lugares. Meu filho José mora na Taquara com a família. Edir tem duas filhas. Uma mora na mesma casa e tem duas meninas. Outra mora em Fragoso e tem duas meninas. Vivem bem graças a Deus. Da Taquara para Fragoso se passa no lugar que está situada a Igreja de Santa Teresinha. O meu filho e minha nora me falavam que esta é a Igreja de Santa Teresinha e que todos fazemos parte da comunidade. Todo o mês é celebrada uma missa das rosas a Santa Teresinha. Eles sempre falavam para assistirmos à missa.
Como o mês de Outubro é de muitas lembranças, pois em 28 de Outubro de 1944 é o dia de aniversário do meu casamento e de minha esposa Modesta, o meu filho e minha nora falaram para assistirmos à missa das Rosas de Santa Teresinha, que era no dia 31 de Outubro de 2012. No dia 28 fizemos 68 anos de casados.
Falaram com o Padre e ele gostou muito e ficou contente porque nunca tinha visto um matrimónio tão durável. No dia da missa, uma quarta-feira, às 7 horas da noite, a Igreja estava cheia e aquela comunidade de gente boa, que nem nos conheciam a mim nem à minha esposa, mostraram um enorme carinho e eu nunca ali entrara. Fomos recebidos como caçulas (novatos). Obrigado caçulas, filhos de Deus, foi assim que o Padre Aginaldo, uma alma bondosa, fez uma cerimónia linda que nos comoveu a mim e a minha esposa com as palavras que recebemos de uma gente carinhosa e humilde como nós. Obrigado a todos. Obrigado padre Aginaldo. Obrigado a todos os que assistiram a essa missa das rosas na Igreja de Santa Teresinha. DEUS ESTÁ LÁ!"
(texto de Domingos Teixeira)
(texto de Domingos Teixeira)
DOIS TEIMOSOS ...
O SOL |
O VENTO |
" Vou falar de dois teimosos conhecidos em todo o mundo e respeitados pela sua força e poder. Vivem discutindo porque um quer ser mais forte mais poderoso em força que o outro. Fazem apostas, até eleições, mas é dificil chegar a um acordo. Há cerca de 90 Janeiros que os conheço e ainda são os mesmos teimosos. Estou falando do SOL e do VENTO!
Me recordo que, um dia, o VENTO falou para o SOL :
- Vamos ver quem tem mais força... O que arrancar esta árvore é o mais forte!
O SOL concordou...
Então o VENTO se enrolou na árvore com toda a sua força, até molhar as cuecas, e arrancou-a. Então, falou para o SOL e disse-lhe:
- Estás vendo, aranha, como eu sou forte? Quero ver tu fazeres isso ò SOL!
- Espera fracassado, respondeu o SOL, vais ver o que eu faço sem molhar as cuecas!
O SOL, muito calmo, deu na árvore toda a sua força de calor e aquela foi secando, caindo aos pedaços e se desfez.
O SOL, então, falou para o VENTO...
- Estás vendo menino, o que eu fiz a essa árvore e não molhei as cuecas?
O VENTO não gostou de ser chamado de menino...e estava chamando O SOL de fraco, em um dia de inverno frio e de chuva.
Nesse dia, lá vinha o Senhor João, um senhor da terceira idade, andando na rua enrolado a uma capa. O VENTO falou para o SOL...
- Aranha, vamos ver quem tira a capa ao tio João. O que tirar é o mais forte!
O SOL aceitou. O VENTO começou a sua força contra o tio João, mas quanto mais forçava, mais o tio João se enrolava na capa e não conseguiu tirá-la.
Veio o SOL e esquentou. O tio João tirou a capa porque estava calor!
O VENTO ficou furioso de raiva!
Eu conheci ambos em Portugal, tinha 6 anos, andava nas matas guardando cabras e ovelhas. No verão, tudo ia bem, o meu voto era no SOL! Agora moro no Brasil. Com o calor que faz no Rio, o meu voto é para o VENTO, que quando quer nos refresca! "
(texto de Domingos Teixeira)
Continua oportunamente...porque o tio Domingos
já tem mais cadernos de memórias. Ele continua escrevendo...
escrevendo...
Que lindo! Um exemplo!
OVO
DE OURO
O
sonho de todo o português era ir para o Brasil atrás da árvore das patacas.
Um
português veio para o Brasil e em Lisboa, em Alcântara, perto do navio, havia
um tasco (taberna). O pobre português comeu um ovo e não pagou porque não tinha
nem um escudo para pagar o ovo. Chegando no Brasil, andou trabalhando até que
encontrou a árvore das patacas e ficou rico.
Escrevia
e mandava dinheiro para a mulher.
Um
dia, viu que já tinha dinheiro suficiente para comprar as suas terras e
plantar vinhas, colher muito vinho e azeite, terras para colher batatas e tudo
para seu alimento e da família e viver como um brasileiro.
Voltou
para a santa terra e desembarcou no mesmo lugar onde tinha embarcado alguns
anos atrás. Lembrou-se e foi tomar um copo de vinho. Falou com o dono do tasco que
ainda era o mesmo.
- Senhor, há uns anos embarquei aqui para o
Brasil e comi um ovo cozido e não o paguei. O senhor diga quanto é para eu pagar o ovo!
O comerciante
arranjou 3 testemunhas para ouvir o "brasileiro" falar que não pagou o ovo e fez
um processo que deu uma grande dor de cabeça.
O
taberneiro fez as contas: um ovo, uma galinha, uma galinha, muitos ovos, muitos
ovos, muitas galinhas e assim durante tantos anos… O taberneiro foi fazendo
contas que o dinheiro que o homem ganhou já não dava para pagar o ovo que comeu
no dia do embarque para o Brasil.
O
processo seguiu para ser julgado. O brasileiro andava preocupado só de pensar
que já não ia ter aquela vida que pensava viver ele e a família.
Um
dia, vinha andando, e detrás dele vinha um homem a cavalo que se aproximou e
perguntou:
- Como vai … como é seu nome?
- Eu sou João…
- Eu sou Tobias… disse o cavaleiro que adiantou - Está triste… qual é a razão da tua tristeza?
-
Tenho um processo e não tenho advogado
que aceite a minha defesa...
Depois de ouvir a história, Tobias disse:
- Não te preocupes, eu serei o teu
advogado! Quero saber qual é o dia e a hora do julgamento. Fica certo que eu
vou-te defender, no dia eu estou lá e não tenhas medo. Agora vou que estou com
pressa. Vou para uma audiência.
No
dia do julgamento estava o Tribunal formado e todos esperando o advogado - o
taberneiro, as testemunhas, mas o Dr. Tobias não aparecia.
Estava
o Juiz comentando que o homem não tem advogado e o tempo está a passar, quando,
num instante, da sala dos advogados, sai o Dr. Tobias.
O
Juiz perguntou : Qual a explicação que dá
ao tribunal para este atraso?
O
Dr. Tobias respondeu: - Me desculpem todos, estive cozinhando uma
panela de favas para o meu pessoal semear!
Todos
gritaram ao mesmo tempo que o Juíz:
- Dr. Tobias, favas cozidas, não nascem!
...
- Pois não Sr. Doutor Juiz. Então também
o ovo cozido não dá galinha, nem galo. Como este homem quer que o senhor João
pague por um ovo cozido tanto dinheiro?
E
o Dr. Tobias adiantou:
Sr. Dr. Juiz, isto tudo que ouvem só na
cabeça dum taberneiro...
O
Juiz ditou a sentença e condenou o taberneiro a pagar as custas e o João veio
livre para casa e certo que já podia comprar as terras e viver em paz e com
toda a família, graças à grande ideia do Dr. Tobias que todos falaram que era um
advogado dos diabos!
Nota: Texto constante do caderno de escritos por Domingos Teixeira, lido no evento de Bujões em 8 de Junho de 2013
A MEMÓRIA PRODIGIOSA DE DOMINGOS TEIXEIRA
Em Março de 2013, o tio
Domingos Teixeira comemorou 91 anos, encontrando-se portanto a percorrer os
dias que o levarão a somar mais um ano daqui por algum tempo.
E como ele continua a escrever, nós de vez em quando vamos
acrescentando a esta página mais textos dos seus cadernos de memórias que são
um marco histórico da nossa aldeia.
Quem teria hoje vontade e registos no “computador” para, casa a casa, pessoa a pessoa, fazer uma
estatística sobre as pessoas que moravam em Bujões há cerca de 80 anos? Só existe uma pessoa capaz disso. O tio Domingos Teixeira. Ele tem ainda um computador ( a cabeça) da última geração. A sua memória é prodigiosa e merece que lhe demos todo o espaço possível para que os mais jovens sintam o exemplo deste jovem de mais de 90 anos que percorre como ninguém a história da aldeia onde cresceu ( ele nasceu no Brasil) e onde encontrou a saudosa mulher que lhe deu uma família maravilhosa e que já o espera lá em Cima, mas sem pressa nenhuma, pois ela é a sua admiradora número um e quer que ele escreva ... escreva... escreva...
Vejam agora que desde
o Cimo do Povo, até ao cimo do Picoto ele não só indica os nomes das pessoas, algumas
delas conhecidas pelas suas próprias alcunhas, o que não tem mal algum, bem
como quantas pessoas moravam em cada casa. Um autêntico retrato colectivo da
nossa aldeia. Há mais de 80 anos! Obrigado tio Domingos e lá iremos acrescentando muito daquilo que consta dos seus cadernos...
FRANCISCO GRANDE 5 pessoas
DIOGO 5 pessoas
DEOLINDA CHANATA 4 pessoas
ANA CACHAÇA 5 pessoas
FRANCISCO COMBA 4 pessoas
ARMINDA 1 pessoa
MANUEL DOS SANTOS 1 pessoa
JOÂO BARBOSA ( SAROLAS) 7 pessoas
MARIA DA FONTE 6 pessoas
ALBINO PADEIRO . 6 pessoas
FRANCISCO SESTEIRO 5 pessoas
GERMANO PIRES 3 pessoas
JOAQUIM SESTEIRO 2 pessoas
JOSÉ VALENTIM 2 pessoas
FRANCISCO ALFERES 3 pessoas
GUIOMAR DO MOIRÂO 3 pessoas
GASPAR COMBA 2 pessoas
MARIO COMBA 3 pessoas
BELMIRO TEIXEIRA ( tio) 6 pessoas
DAVID COMBA 6 pessoas
FILOMENA COMBA 5 pessoas
AMADEU BRITES 3 pessoas
JAIME FARRAPA 3 pessoas
DORES TEIXEIRA 2 pessoas
BENTO ALVES 6 pessoas
MANUEL BOTELHO 6 pessoas
FRANCELINA 7 pessoas
FRANCISCO TIMPEIRA 3 pessoas
ADRIANO 6 pessoas
FELIX 2 pessoas
INÁCIO VENDEIRO 5 pessoas
MANUEL SOQUEIRO 6 pessoas
ANTÓNIO SOQUEIRO 6 pessoas
ANTÓNIO CACHAÇA 5 pessoas
ZULMIRA 2 pessoas
RATANTÂ e JOÃO CEGO 6 pessoas
DELFINA 7 pessoas
MARIA CARDEAL 4 pessoas
MANUEL RAITA 4 pessoas
ANTÓNIO PORQUITO 4 pessoas
ELVIRINHA 1 pessoa
ARAÚJO 2 pessoas
ÁLVARO MESSIAS 3 pessoas
DONA ALCINA ( professora) 3 pessoas
LUCIA DO GAGO+ AVÓ 9 pessoas
JOÂO MIMOS 2 pessoas
MARIA DOS ANJOS 3 pessoas
ALEXANDRE 6 pessoas
JERÓNIMO 4 pessoas
SEBASTIÃO SOQUEIRO 3 pessoas
MARIA CIGARRA 1 pessoa
PORQUITO VELHO 3 pessoas
MARIA PIRES 19 pessoas
MARIA ou IRENE 3 pessoas
DEOLINDA TEIXEIRA (tia) 8 pessoas
DOMINGOS DO BAIRRO 5 pessoas
ERMELINDA PENALVA 2 pessoas
JOÃO BAILÃO 5 pessoas
CONCEIÇÃO 1 pessoa
TEREZA 4 pessoas
COLUMBANO 7 pessoas
JOÃO PEQUENO 6 pessoas
PORFÍRIO 3 pessoas
DIOGO 5 pessoas
DEOLINDA CHANATA 4 pessoas
ANA CACHAÇA 5 pessoas
FRANCISCO COMBA 4 pessoas
ARMINDA 1 pessoa
MANUEL DOS SANTOS 1 pessoa
JOÂO BARBOSA ( SAROLAS) 7 pessoas
MARIA DA FONTE 6 pessoas
ALBINO PADEIRO . 6 pessoas
FRANCISCO SESTEIRO 5 pessoas
GERMANO PIRES 3 pessoas
JOAQUIM SESTEIRO 2 pessoas
JOSÉ VALENTIM 2 pessoas
FRANCISCO ALFERES 3 pessoas
GUIOMAR DO MOIRÂO 3 pessoas
GASPAR COMBA 2 pessoas
MARIO COMBA 3 pessoas
BELMIRO TEIXEIRA ( tio) 6 pessoas
DAVID COMBA 6 pessoas
FILOMENA COMBA 5 pessoas
AMADEU BRITES 3 pessoas
JAIME FARRAPA 3 pessoas
DORES TEIXEIRA 2 pessoas
BENTO ALVES 6 pessoas
MANUEL BOTELHO 6 pessoas
FRANCELINA 7 pessoas
FRANCISCO TIMPEIRA 3 pessoas
ADRIANO 6 pessoas
FELIX 2 pessoas
INÁCIO VENDEIRO 5 pessoas
MANUEL SOQUEIRO 6 pessoas
ANTÓNIO SOQUEIRO 6 pessoas
ANTÓNIO CACHAÇA 5 pessoas
ZULMIRA 2 pessoas
RATANTÂ e JOÃO CEGO 6 pessoas
DELFINA 7 pessoas
MARIA CARDEAL 4 pessoas
MANUEL RAITA 4 pessoas
ANTÓNIO PORQUITO 4 pessoas
ELVIRINHA 1 pessoa
ARAÚJO 2 pessoas
ÁLVARO MESSIAS 3 pessoas
DONA ALCINA ( professora) 3 pessoas
LUCIA DO GAGO+ AVÓ 9 pessoas
JOÂO MIMOS 2 pessoas
MARIA DOS ANJOS 3 pessoas
ALEXANDRE 6 pessoas
JERÓNIMO 4 pessoas
SEBASTIÃO SOQUEIRO 3 pessoas
MARIA CIGARRA 1 pessoa
PORQUITO VELHO 3 pessoas
MARIA PIRES 19 pessoas
MARIA ou IRENE 3 pessoas
DEOLINDA TEIXEIRA (tia) 8 pessoas
DOMINGOS DO BAIRRO 5 pessoas
ERMELINDA PENALVA 2 pessoas
JOÃO BAILÃO 5 pessoas
CONCEIÇÃO 1 pessoa
TEREZA 4 pessoas
COLUMBANO 7 pessoas
JOÃO PEQUENO 6 pessoas
PORFÍRIO 3 pessoas
GERMANO PALAIO 4 pessoas
FELIZARDO 5 pessoas
FELIX GERALDO 7 pessoas
JOSÉ COMBA 5 pessoas
MANUEL DA ROSA 5 pessoas
MARGARIDA 6 pessoas
MANUEL BARBOSA 2 pessoas
IZABEL 3 pessoas
DOMINGOS CARDEAL 6 pessoas
CLOTILDE 7 pessoas
LUIZA DA CÂNDIDA 1 pessoa
MANUEL CIGARRO 6 pessoas
DELFINA CIGARRO 3 pessoas
VICENTE COMBA 8 pessoas
JOSÉ TEIXEIRA 8 pessoas
NOMES E CASAS DE
BUJÕES
O
tio Domingos Teixeira tem um computador da última geração, mas está ligado ao
passado da sua vida tão cheia de recordações. Que bonito! Ele tem tanta coisa
escrita que este blogue não pode transcrever tudo, mas aos poucos lá iremos
colocando partes ou a totalidade dos seus escritos naqueles caderninhos que ele
preenche com letra direitinha. Vejamos, agora, a relação dos moradores de
Bujões há cerca de 85 anos atrás, era ele um menino.
"Estou há mais de dois anos escrevendo e ainda
não vejo o fim. Hoje dia 18 de Abril de 2013 me deu vontade de falar com o
pessoal sobre o que havia em BUJÕES em 1928. Já fez tanto tempo, mais de 80
anos. Hoje, 19 de Abril de 2013 vou falar daquela gente com quem eu brinquei,
trabalhei e falei. Gente boa. Vou falar do pai, da esposa e dos filhos. Vou dar
o nome de todos. Se não me lembrar de algum, que me perdoe.
Não dou o sobrenome. Muitos eu conheci
depois daquela data.
O primeiro morador era o tio Francisco
Grande. Era a primeira casa lá no cimo do povo. Francisco Grande e esposa
Etelvina, e os filhos Celestina, Guiomar, Eufémia e Manuel Grande. Em seguida,
era o Diogo Padre e esposa Maria, com os filhos Custódia, Gaspar e Joaquim,
conhecido por Joaquim Padre.
Numa eira, tinha uma casa de madeira
onde morava a tia Deolinda Chanata, com o filho Horácio e a filha Palmira,
filhos do Ilídio. Do tio Manuel dos Santos tinha um filho, o Benedito.
Saindo da Eira tem a casa que era da tia
Ana Cachaça, do marido Alexandre e filhos Carolina, Messias e António Barbeiro.
No Beco tinha o tio Francisco Comba, viúvo. Havia uma senhora, irmã do tio
Francisco Comba, que morava só, já de idade.
Na saída havia a casa do tio João
Barbosa, a esposa tia Felicidade e filhos: Maria Luiza, Glória, Luzia, Filomena,
Sebastião e Conceição. Esta morreu atacada pelo espirito mau da Raimunda.
A seguir a tia Maria da Fonte, o marido
tio Chaco-Chaco, e filhos; o Manuel conhecido por Manuel Grilo, Carlos, Américo
e Leonídia.
Havia umas casas vazias que, mais tarde,
foram ocupadas pelo Abílio Padeiro.
A seguir vem a entrada para a casa do
tio Francisco Sesteiro, viúvo, e filhos; Bernardo, Manuel, Joaquim que casou com
uma pessoa de Tondela e que fabricavam biscoito e rebuçados, e a Madalena que
casou com o Albino que foi o “engenheiro” que abriu a estrada de Bujões até ao
alto da Serra. Ele e o Porfírio foram a pé com a família para Lisboa. O Albino
morava na Caparica. Estive na casa dele. O Porfírio nunca mais o vi.
Vamos sair da casa do Sesteiro e logo na
saída havia a casa do tio Germano Pires, sua esposa Maximina. Tinham um filho,
o Albino.
No largo era a casa do Joaquim Sesteiro
que ligava à do pai. Havia uma casa vazia que era do tio José Comba onde
tinha o armazém. Vinha a Eira do tio
José Valentim. Na esquina havia uma casa que mais tarde ocupou o Abílio
Padeiro. Na entrada da Eira era a casa do tio José Valentim. Atrás, e ao lado,
era a casa dos Alferes. Morava lá uma senhora idosa. Não sei o nome dela. Vi-a
poucas vezes, ela não saía de casa. Em frente era a casa da tia Guiomar do Moirão,
isto na rua que vinha do cimo do povo ao Seixo,e mais a Maria José e Maria da Glória.
Havia a entrada na Eira do tio David
Comba, esposa Ermelinda e filhos, Teresa, Filomena, David e António Cego. Ao
fundo da Eira havia a casa do meu tio Belmiro, esposa Leonídia e filhos; José
Maria, Jacinta e Josefina. Na Eira ainda morava o Mário Comba, sua esposa
Custódia e filho Adérito. Saindo da Eira era a Casa dos Combas ainda me recordo
da mãe do tio José Comba e do tio David Comba. Em frente à Eira, numa casa que
tinha uma escada subindo da rua, morava o tio Gaspar e a Raimunda.
DESCENDO ATÉ SANTO AMARO
A seguir era a entrada para a casa do
tio Amadeu Brites e esposa Rosa, conhecida por Rosa do Amadeu. Tinha um filho,
o José Brites. A mesma entrada dava para a casa do tio Jaime Farrapa e esposa
Olinda. Tinham um filho, o Álvaro Farrapa. Nessa casa tinha um cómodo em que
morava a minha tia Dores. Tinha uma filha.
Em seguida vem a Capela de Santo Amaro e
em frente tem a casa do Sr. Bento e sua esposa Dona Marieta com os filhos
Noémia, Celina, Estela, Lurdinhas e Serafim. Ao lado, a casa do tio Manuel
Botelho e esposa. Não me recordo bem, mas na minha ideia era a tia Rita. Já
eram bem idosos, isto já em 1928. Tinham as filhas Clotilde, Maria Cândida e
Francelina. Não conheci mais nenhuma. Francelina morava ao lado da Capela, com
o marido Manuel Soqueiro e filhos; Artur, Manuel, Jaime, Joaquim, Lurdes e
Maria Cândida, não me recordo de mais.
A CAMINHO DO RABÃO
Aí, vem Francisco Timpeira e esposa Ana
Tanária. Viviam com o filho, o Álvaro Timpeira que estava casado com Maria
Soqueira. Já tinham filhos. A Palmira e o Sebastião, conhecido por Sebastião
Velhote.
Aí vinha o Adriano, esposa Maria de
Jesus, conhecida por Maria Guixa e filhos, Domingos, Nelson, Milton, António e
Lurdes. Depois vinha a casa do Felix e esposa Lucinda, que não tinham filhos.
Morava aí um irmão, o Alfredo que casou com a Noémia, filha de Bento Alves e de D.
Marieta. A seguir era a casa do tio Inácio Bendeira e esposa Lúcia. Filhos do
primeiro casamento de Lúcia havia um filho chamado Francisco. Do segundo
casamento com o tio Inácio havia dois filhos – o José Maria e a Maximina.
O tio Manuel Soqueiro, o velho, com
filhos também já velhos, o Manuel Soqueiro, casado com Francelina, António, José
Maria, Sebastião e Maria, esta casada com Álvaro Timpeira. Depois vem o tio
António Soqueiro, esposa Ana e filhos: Ilda, Segisnando, Inácio, José Maria e
Maria Rosa.
QUINTEIRO E EIRA DO QUINTEIRO
Vamos para o Quinteiro. Havia o António,
o barbeiro, que dava um copo de vinho ao freguês que ia lá cortar o cabelo. Na
Eira do Quinteiro, morava a tia Zulmira com o seu irmão Nascimento e o filho
José, conhecido por José Russo. Na Eira havia uma casa de madeira, onde morava
a tia Maria Cardeal e os filhos: Caetano, José e Maria do Céu. Na saída da
Eira, morava o Manuel Retantã, sua esposa Maria, filhos António e Domingos, sua cunhada Natividade e seu
cunhado o saudoso João Cego. Ao lado, morava a tia Delfina Melra e seus
filhos: Marilia, José, Ana, Rita ,
Francelina e Antonieta. Era separada do tio António Rabôto.
NA EIRA DO SR. ARAÚJO
Saindo do Quinteiro, vinha a casa do tio
Raita e esposa. Tinha uma filha que não recordo o nome, e morava junto à Alice.
Esta tinha um filho chamado José, conhecido por José Leirão. Ainda havia mais
duas casas pegadas. Numa morava a Micas com o Ilídio e sua filha Irene. Na
outra casa morava o tio António Porquito, já viúvo. Morava com os filhos;
Anastácio, João e Maria, também conhecida por Maria Porquita. A seguir era a
casa da Senhora Elvirinha, tia do Sr. Araújo. Na Eira tem a casa do Sr. Araújo
e esposa Dª Luz, que não tinham filhos. Na passagem da Eira do Sr. Araújo para
a Eira do Pátio, tinha a casa do tio Álvaro e sua esposa tia Octávia. Não
tinham filhos. Morava com eles a tia Aninhas.
NA EIRA DO PÁTIO
Aí estava a Escola e morava lá a
professora Dona Alcina, seu marido o Dr. Jorge e uma linda mulata, a Laurinha.
Não havia filhos. Tem a casa da minha avó, Lúcia, viúva, e as filhas Maria dos
Anjos, Dores, Deolinda, Maria, Belmiro, Manuel e José. Os dois últimos estavam
no Brasil e que eu não conheci.
Aí tem a casa do tio João Mimos, esposa
Maria Amélia. Em seguida a casa do tio Alexandre e esposa Rosa, e filho
Francisco Grande e Manuel Grande, conhecido por Manuel da Rosa, Maria Grande e
Ana Soqueira, que também era conhecida por Ana Grande. Depois a casa do tio
Jerónimo, já viúvo, o filho Porfírio e Vitorino.
Na Eira do Páteo, morava Maria dos
Anjos, minha mãe, os filhos Domingos (eu mesmo) e José.
A CAMINHO DO BAIRRO E DO CIPRESTE
Saindo da Eira do Páteo para o Seixo, havia a
casa da tia Maria Cigarra, bem na esquina da rua da Senhora do Encontro. Tinha
uma loja onde trabalhava como soqueiro, o Sebastião Soqueiro. Aí, seguia-se a
casa do tio Porquito velho. Filho dele só conheci o tio António Porquito. Em
frente à Cruz da Senhora do Encontro tinha duas entradas. Para a esquerda,
morava a tia Maria Pires e seu marido António. Filhos dizem que tinha 19. Eu só
conheci dois: o Domingos e a Piedade. Ao lado da mesma casa morava Maria e duas
filhas Irene e Maria. Do outro lado da Cruz morava Deolinda, minha tia e seu
marido José Maria e filhos: Félix, Inácio, António, Américo e duas meninas. Na
frente, já no Bairro, havia a casa do tio Domingos do Bairro, como era
conhecido, sua esposa Maria e filhos: Domingos, António e João e uma menina que
não me recordo do nome. Ao lado, tinha a casa da tia Ermelinda Penalva, filho
Diogo, casado com Maria Grande, que acabaram por ser meus sogros. Essa era a
minha casa. Vamos para o Cipreste e na casa que tinha na Cortinha morava o tio
João Bailão, filhos José Bailão, Manuel Bailão e Guilhermina Bailoa. Eram assim
conhecidos. Voltamos para o Bairro e temos a casa da tia Teresa e filhos:
Esperança, Anunciação e Maria da Graça. A Dona Conceição não tinha filhos. O Columbano
e a esposa, tia Cândida, tinha filhos: Joaquim, Maria, Manuel, Vicente e Isabel.
Depois, vem a casa do tio João Comba, conhecido por João Pequenino e os filhos:
Francisco, Jaime, Domingos, Deolinda e Maria da Graça.
Do
outro lado, em frente, a casa do Porfírio, sua esposa Cacilda e o filho Artur do
Pito. Havia a casa do tio Germano Palaio, esposa Rosa e filhos. Só me lembro da
Maria, mas tinha mais filhos. Pegado à casa do tio Felizardo, esposa Ana
Felizarda e filhos, Olimpia, Alcina e António Raboto. Na esquina é a casa do
tio Félix, esposa Maria do Félix e filhos: David Russo, Manuel Esquerdinho,
Rita, Clementina, Arlindo e Adão. Na esquina, havia uma casa e conheci ela
vazia. A seguir havia o beco com dois moradores e casa juntas; numa morava o
tio Calça Larga e esposa Margarida e filhos António Calça Larga, Manuel
Joaquim, Rosa, Margarida. Tinha outra filha que casou com o José Chota, de
Guiães. Na outra casa morava o tio José Comba, esposa Luísa, conhecida por
Luísa da Venda, filho Manuel e Joaquim Ribeiro, Maria e Conceição.
Esta morava com o marido, Manuel Grande
ou Manuel da Rosa.
NO SEIXO
No Seixo morava a tia Isabel, viúva, os
filhos Albino, Domingos e Silvina. A casa do seixo que foi do tio Segisnando e
hoje é da família, morava lá o tio Manuel Barbosa e esposa Maria de trás da
Capela que era como a chamavam. No Largo do Seixo, do outro lado, umas casas
baixas só tinham umas escadas. Numa morava o tio António Calça Larga e esposa
Maria da Glória. Na outra morava Diogo e esposa, Maria Grande, meus sogros e
filhos: Delfina, José Miolo, como era conhecido, e Modesta, minha esposa, já
falecida.
A CAMINHO DA FONTE E DO PICOTO
Vamos para a Fonte e temos a casa do tio
Domingos Cardeal e esposa Maria, com os filhos: António, Maria, João e José.
Maria era conhecida por Maria da Capela. A seguir vem a casa do Correia, esposa
Clotilde e filhos: Manuel, José, Glória e Germano. Vamos para as Lages e temos
a casa do tio Manuel Cigarro e esposa Maria, e seus filhos: Manuel, António,
José, Edmundo, Maria e Natália. No Picoto vivia o Vicente e esposa Maria Luiza
e filhos: Fernando, Francisco, Domingos, Vicente, Heliodoro, Maria Teresa,
Constança e Miquelina. Perdão, me esqueci que pegado à casa da tia Clotilde
morava uma senhora chamada Luísa da Cândida.
No Picoto, ficou faltando: José e esposa
Palmira, filhos Jorge, José, Ana Maria, Lúcia e Dulce. José, meu irmão!
Foi esta gente boa que eu conheci em
Bujões na década de vinte ( 1920/1930).
Devem ser entre pais e filhos cerca de 350 pessoas, isto se o meu computador
não falhar. E como já falei, tanto escrevi sobre Bujões e ainda não cheguei ao
fim … E onde é o fim de Bujões? É no Alto da Serra!
CHEGUEI AO ALTO DA SERRA
OLHEI PARA TRÁS E CHOREI
LEMBREI-ME DOS MEUS AMORES
QUE EM BUJÕES OS DEIXEI!
OLHEI PARA TRÁS E CHOREI
LEMBREI-ME DOS MEUS AMORES
QUE EM BUJÕES OS DEIXEI!
Nota: parte de um texto escrito no Caderno 2
O segundo caderno de Memórias de Domingos Teixeira. Ainda falta transcrever alguns textos do primeiro caderno e já o computador do nosso grande escritor escreveu novos capítulos das suas memórias. Com calma, iremos publicando um bocadinho de vez em quando, alternando os textos dos dois cadernos. Hoje publicamos O SENTIDO, uma opinião profunda de um homem que manifesta sem problemas e sem palavras rebuscadas aquilo que lhe vai na alma!
O SENTIDO
Eu acredito que o SENTIDO da vida seja fazer
SENTIDO à vida de outras pessoas
O PORCO SUMIU ...
Acudam... roubaram o porco do armazém!
Texto de Domingos Teixeira - Caderno I
O cavalo via o bode sofrendo naquela situação, a cavalo na égua e não acontecia nada. O cavalo foi chegando e olhando até com pena do bode e da égua, falou e disse para o bode:
Texto de Domingos Teixeira - Caderno I
O povo de Abaças junto com o padre e apoio do Bispo, vieram
em Bujões para levar São Clemente para a Igreja de Abaças. O padre pediu a
chave da Capela e o povo não sabia para que ele queria a chave. Abriram a
porta e o Padre entrou com a gente que
vinha com ele. Começaram a mexer onde estava São Clemente e o padre falou dizendo:
- Vamos levar São Clemente para a Igreja de Abaças!
A pessoa que tinha aberto a porta da Capela, saíu e começou a gritar:
- Vão roubar São Clemente! Vão roubar S. Clemente!
Num instante se juntou o povo. Correram com o padre e com todos os que estavam com ele, mas continuaram com a ideia de roubar São Clemente .
Numa certa noite, o padre veio de novo com a gente para roubar São Clemente.
Falam os antigos que a sineta da Capela começou a tocar sem ninguém a puxar. O povo levantou-se e correram de novo com os invasores. Aí reconheceram que nem Deus queria que São Clemente saísse de Bujões e não voltaram. Esse acontecimento era falado por todas as povoações vizinhas.
Nesta foto pouco nítida ainda se vê a antiga Capela de Santo Amaro e a sua pequena torre que tinha uma sineta, com uma corda para a puxar e chamar os crentes, quer para assistirem à missa, funerais, ou outros actos religiosos quer para acudir a fogos ou para qualquer outro acontecimento em que fosse precisa a presença do povo.
São Clemente fazia e faz muitos milagres. Falam que é de carne. Uma senhora me falou que houve uma pessoa que chegou perto de São Clemente e disse:
- Só acredito se o santo é de carne se eu espetar este alfinete e sair sangue!
Essa pessoa furou, saiu sangue de um dedo do santo, foi nos olhos da pessoa e no mesmo instante ficou cega. Chorou de arrependimento. Na hora procurou um padre, se confessou, contando o que tinha falado. O Padre deu uma penitência. Com o tempo e depois de muitas orações e a penitência, a vista voltou.
Eram estes acontecimentos que os antigos contavam que eu gravei no meu computador. Conheço três lugares que têm São Clemente. É em Bujões, no Mosteiro de Alcobaça e no Bom Jesus de Braga. São iguais, estão no Altar do mesmo jeito. Já tanto que tenho falado e não me lembrava de falar deste caso que os antigos contavam.
Eu acredito que os antigos não sabiam mentir. Não é como agora. Tem gente que só sabe mentir, corruptos e falsidade. Mas o tempo todo há a vontade de Deus e não há que reclamar. Tudo o que Deus manda e faz é bom. Graças a Deus. Amen.
Já tenho falado que todo o morador de BUJÕES tem uma história menor ou maior, porque todos têm um passado na sua vida. Vou falar desta família que merece esta homenagem pela vida sofrida que passaram. Estou falando da tia MARIA DOS SANTOS, ou MARIA GRANDE, casada com Diogo de Jesus Penalva, filho de Ermelinda Penalva. Este esteve muito tempo em França. Vinha a Portugal mas logo voltava. Numa revolução que houve em França expulsaram todos os estrangeiros, principalmente os portugueses. O tio Diogo Penalva e muitos portugueses fugiram pelo esgoto. Andaram muito tempo dentro dos esgotos e saíram numa praia. Onde fosse preso, era fuzilado. O tio Diogo veio a pé até Bujões, andou meses para chegar de França até à aldeia. Chegou doente. Esteve internado no Hospital em Vila Real. Teve alta e veio para casa para se tratar, mas não tinha meios para fazer tratamento. Era preciso descansar e bom alimento e não podia fazer isso. Foi trabalhar. Era serrista. Andava em Poiares ou Canelas serrando madeira. Os patrões davam vinho. À noite vinha por casa dos patrões, bebia em todas as tabernas por onde passavam. Os colegas tinham saúde e aguentavam mais com a bebida, mas o tio Diogo era doente dos pulmões e não aguentava. Ficava dormindo pelo caminho. Os colegas chegavam também trocando as pernas e falavam para a tia Maria:
-
Vai buscar o Diogo. Ficou perto da casa do serralheiro!
Lá
vinha a tia Maria Grande chorando com os três filhos atrás dela. Chamava-me a
mim e ao sobrinho Inácio para irmos com ela.
Morreu novo. Tinha 39 anos. A esposa ficou com três filhos, duas mulheres e um homem. A viúva ficou pobre. Tinha umas terras e vendeu-as para tratar do marido e criar os filhos. Tinha o José, conhecido por José Miolo, a Modesta e a Delfina que mora em França que ainda é viva e mais velha do que eu 4 meses.
Eu me casei com a Modesta, já falecida. Pagava aluguer de casa. Nasceu o primeiro filho e já morávamos com a sogra e nunca mais se separou de nós. Foi ela que criou os meus 5 filhos e me criou a mim. Eu já falei que ela ia de noite dar-me o peito onde a minha mãe morasse. Por isso eu digo que mamei na mama da sogra! Gostava muito dela e era para gostar. Me criou, me deu o peito e criou os meus cinco filhos. Todos gostavam dela!
Quando embarcámos para o Brasil, tinha filhos que não queriam embarcar sem a avó. Eu ainda tentei no dia que foi receber o passaporte para viajar e pedi ao cônsul do Brasil para deixar ir a minha sogra. Já era velha, ficava só e tinha criado os meus filhos. O cônsul respondeu com piada:
- Domingos você não tem também um gato ou um cachorro para levar?!
Foi
a resposta dele. Os filhos, a mulher e eu chorámos, mas não teve jeito.
Viajámos sem a minha sogra.
Estou falando do NATAL, ANO NOVO E DIA DE REIS.
Naquele tempo tinha rapazes e raparigas, muita gente para encher uma sala de baile, uma eira ou qualquer largo.
No Natal, como já falei, o rico tinha tudo, o pobre não tinha nada.
Então, 8 ou 15 dias antes do Natal, eu e outros pobres andávamos pedindo azeite, batatas. Um dia antes, pedíamos couve. E assim, na NOITE DE NATAL, todos tinham uma mesa farta, porque todos davam azeite, batatas, farinha, açúcar, davam tudo para a Ceia de Natal, que dava até ao ANO NOVO.
Vou contar uma coisa que ainda hoje me dá tristeza. Havia gente que dava com vontade, até levavam em casa. Outras pessoas corriam com a gente, mandavam-nos trabalhar com cinco ou seis anos. Dava para trabalhar? Diziam:
- Ide embora, quem vos fez, que vos sustente!
Isso deviam ser pessoas a quem Deus esqueceu de dar alma!
Mas isso já passou. No Natal era Noite de festa, muita alegria. Já havia vinho para alegrar a gente. Ia pedir água-pé e havia gente que dava água-pé e uma garrafa de vinho! Para quem não sabe o que é água-pé, vou explicar. Do bagaço que fica (restos dos cachos das uvas), quando se esmagam para tirar o vinho, misturava-se com água, mexia-se bem e colocava-se num pipo, onde ficava uns tempos para depois beber. A ceia do pobre era assim: batatas, raia, couve, açorda feita com bacalhau e fritas de bacalhau.
A minha mãe sempre fazia um pouco de aletria. Vinho, água-pe, muito azeite nas batatas e na arraia e na couve.
No dia 25, dia de Natal, como a minha mãe criava galinhas, reservava um galo para eese dia e igual para o Ano Novo .
A gente ia nas matas onde havia pinheiros mansos, arrancávamos as pinhas e colocavam-se no lume e tiravam-se os pinhões.
Havia a vender, mas também se fazia o RAPA que era um pião quadrado que tinha um pé para se agarrar e um bico para dançar (rodar). Tinha quatro lados: R.T.D.P.
O Ano Novo era mais ou menos como no Natal, só com mais
brincadeira, muito fogo, baile numa sala ou no largo do Seixo. Havia gente
para brincar. Era uma festa! Hoje não deve ter nada porque tem pouca gente.
Dia de Reis, em 6 de Janeiro, era uma brincadeira. Se juntavam rapazes e raparigas. Iam às casas, de noite, cantar os Reis. Era como se falava. Vamos cantar os Reis e se inventava uma canção, que era assim:
QUEM DIREMOS NÓS QUE VIVA
NA FOLHA DA PALMA BRANCA
VIVA A SENHORA MARIA
SUA ALMA JÁ ESTÁ SANTA!
A gente ia nas casas e davam figos secos, nozes, castanha
seca, orelhas gatas, que era o pêssego seco. Davam para se comer e vinho! Tudo
era brincadeira do povo antigo. Acho que tudo acabou, mas um dia volta tudo ao
normal se Deus quiser!
Texto de Domingos Teixeira - 3º caderno
QUEM DIREMOS NÓS QUE VIVA
COM CARINHO E COM AMOR
VIVA O TIO DOMINGOS TEIXEIRA
QUE TEM ALMA DE ESCRITOR!
VIVA TAMBÉM SUA FILHA
QUE LHE COMPRA OS CADERNINHOS
QUE VIDA DE MARAVILHA
LEVA O NOSSO DOMINGUINHOS!
SENTIDO à vida de outras pessoas
O
SENTIDO é um dom que nasce com a pessoa e que ninguém conhece.
O
SENTIDO não é um órgão como o coração, pulmões e outros que os médicos
conhecem. Por isso, nem os médicos sabem o que é o SENTIDO.
Como
católico, Deus vai-me inspirar para eu falar um pouco do que é o SENTIDO.
Talvez eu não vá errar dizendo que o SENTIDO é a vida da pessoa, a alma, o espirito de
cada um. O SENTIDO faz mover todo o corpo, todos os órgãos. Se o SENTIDO ficar
doente, todo o corpo sofre.
Uma
pessoa perdeu a memória e já não fala direito. Se fala, perde o juízo, perdeu o
SENTIDO. O SENTIDO está doente, aí ficam doentes todos os órgãos do corpo.
Dá
para concordar com o que eu falei? Eu penso assim.
SENTIDO,
ALMA E ESPÍRITO. Deve haver gente que pensa de outra maneira, também pode ser
sentimentos, mas isso já é uma pessoa que tem sentimentos por outra pessoa ou
por outra coisa.
Se
acontecesse alguma coisa com um amigo ou amiga, se fala:
- Os meus sentimentos...
Todos
os que cometem agressões contra outra pessoa, não têm sentimentos. É um animal,
ou pior do que um animal.
Não
há ser vivo na face da terra que não tenha sentimentos, seja ele humano ou
animal. Eu
fui criado com muita espécie de animais e quando se tirava uma cria à mãe,
ficava berrando noite e dia, até esquecer. Eram os sentimentos. Uma família que
tem um familiar doente ou sofreu algum acidente, anda triste. É o SENTIDO, A
ALMA, O ESPIRITO, que está doente. Tudo isso é o sentimento de uma pessoa.
Texto de Domingos Teixeira
O PORCO SUMIU ...
Morava em Bujões numa casa que eu chamo Casa do Seixo, um casal já de idade chamado MANUEL BARBOSA e esposa MARIA DE TRÁS DA CAPELA como era conhecida. Não me lembro de filhos. Tinham família, viviam bem, matavam todos os anos o seu porco para dar ao pessoal que fazia o serviço. Eu conheci-os, já velhos. Ele era doente do juízo, bebia muito e ia de Bujões a Vila Seca em ceroulas só para beber!
As ceroulas secando ao sol...
Vinha para casa e ficava na janela ou na varanda gritando alto pela mulher e chamando-lhe toda a espécie de palavrões feios e ela ali bem perto dele.
Ficava gritando até se cansar e dormir.
O tio Manuel Barbosa que eu, menino, conheci, era um homem bom, amigo dos pobres e era respeitado. Gostava de ajudar todos que pediam um favor, até tirar dinheiro no Banco. Não fazia mal a ninguém, só fazia bem, mas com a bebida era ruim, mas só com a mulher. Qualquer outra pessoa respeitava e por isso eu digo que era doente. Como já falei, matava o seu porco e nesse dia era dia de festa.
Matança do porco, dia de festa!
Isso era hábito da terra e de todos. Logo que penduravam o porco, havia festa, comida, bebida para todos, era de se encher a casa. Havia aquela conversa de conto, de história, pela noite fora até acabar o gaz da bebida e, só então, cada um ia para sua casa. Houve uma pessoa que foi no armazém onde estava o porco pendurado e viu que o porco não estava. Durante a festa o porco sumiu... roubaram-no!
Todos correram para ver. Foi uma noite de pânico. Ninguém dormiu! Todo o povo,78 fogos, era pequeno e todos se conheciam. Sairam todos à procura do porco, mas não apareceu!
Nem só aqui, tem ladrão esperto!
Texto de Domingos Teixeira - Caderno I
BODE
TEIMOSO
Vou
falar do tempo em que todo o animal falava.
Era
um tempo bom. Todos se entendiam, não havia tanto corrupto, porque os animais
eram mais espertos que nós os humanos ou desumanos, em que tudo se sabe e
ficamos todos com medo.
Os
animais falavam de tudo e não tinham medo e era por isso que não havia
corrupto.
Hoje,
fazem o que querem, pegam como querem, é uma vergonha o que se vê e escuta, mas
não tem jeito. Só se os animais voltassem a falar!
Ainda
vai vir esse tempo, vai melhorar tudo como aconteceu naquele pasto onde andava
toda a raça de animais pastando, cantando, brincando e namorando, como aquele
bode e aquela égua!
Se
namoravam de paixão e não acontecia nada.
Ela é mesmo provocante! |
Aquele só me faz cócegas com a barba! |
O cavalo via o bode sofrendo naquela situação, a cavalo na égua e não acontecia nada. O cavalo foi chegando e olhando até com pena do bode e da égua, falou e disse para o bode:
- Saí de cima da égua, bode aranha!...
O bode saiu de cima da égua e o cavalo foi resolver o que o bode não resolveu.
O bode olhou para o cavalo com tristeza e falou:
- Cavalo, meu companheiro, quem sabe, sabe, mas a ferramenta também ajuda!
Texto de Domingos Teixeira - Caderno I
MAIS UMA LEMBRANÇA DE BUJÕES
Já em criança ouvi falar que antigamente a Capela de Bujões era no
Seixo. Depois foi para o meio do povo. A Capela de Santo Amaro agora está nas Lages,
mas São Clemente esteve em todas as Capelas. Quando a Capela era no Seixo, lá
estava São Clemente.
Era no Largo do Seixo, que existia a Capela de Nossa Senhora da Conceição, da família Barbosa. Nessa Capela, estava a relíquia de São Clemente que depois foi transferida para a Capela de Santo Amaro que era a chamada Capela do povo.
- Vamos levar São Clemente para a Igreja de Abaças!
A pessoa que tinha aberto a porta da Capela, saíu e começou a gritar:
- Vão roubar São Clemente! Vão roubar S. Clemente!
Num instante se juntou o povo. Correram com o padre e com todos os que estavam com ele, mas continuaram com a ideia de roubar São Clemente .
Numa certa noite, o padre veio de novo com a gente para roubar São Clemente.
Falam os antigos que a sineta da Capela começou a tocar sem ninguém a puxar. O povo levantou-se e correram de novo com os invasores. Aí reconheceram que nem Deus queria que São Clemente saísse de Bujões e não voltaram. Esse acontecimento era falado por todas as povoações vizinhas.
Nesta foto pouco nítida ainda se vê a antiga Capela de Santo Amaro e a sua pequena torre que tinha uma sineta, com uma corda para a puxar e chamar os crentes, quer para assistirem à missa, funerais, ou outros actos religiosos quer para acudir a fogos ou para qualquer outro acontecimento em que fosse precisa a presença do povo.
São Clemente fazia e faz muitos milagres. Falam que é de carne. Uma senhora me falou que houve uma pessoa que chegou perto de São Clemente e disse:
- Só acredito se o santo é de carne se eu espetar este alfinete e sair sangue!
Essa pessoa furou, saiu sangue de um dedo do santo, foi nos olhos da pessoa e no mesmo instante ficou cega. Chorou de arrependimento. Na hora procurou um padre, se confessou, contando o que tinha falado. O Padre deu uma penitência. Com o tempo e depois de muitas orações e a penitência, a vista voltou.
Eram estes acontecimentos que os antigos contavam que eu gravei no meu computador. Conheço três lugares que têm São Clemente. É em Bujões, no Mosteiro de Alcobaça e no Bom Jesus de Braga. São iguais, estão no Altar do mesmo jeito. Já tanto que tenho falado e não me lembrava de falar deste caso que os antigos contavam.
Eu acredito que os antigos não sabiam mentir. Não é como agora. Tem gente que só sabe mentir, corruptos e falsidade. Mas o tempo todo há a vontade de Deus e não há que reclamar. Tudo o que Deus manda e faz é bom. Graças a Deus. Amen.
Atual e linda Capela de Bujões onde se encontra a reliquia de São Clemente
Texto: Domingos Teixeira - caderno 2
Nota: Este blogue, na sua primeira edição já publicou uma página com o título de São Clemente.
OS AMIGOS
Eram dois amigos, cunhados e compadres. Um se chamava Afonso e trabalhava na lavoura, tratando das suas terras. O outro era padre e se chamava André. O Afonso casou com uma irmã do padre André, chamada Rita. Os pais da Rita faleceram. Houve as partilhas dos imóveis. Uma propriedade foi dividida em duas partes, tendo uma ficado com o Afonso e outra parte ficou com o padre André. Os dois tinham paixão pela propriedade e queriam que fosse só de um, mas nenhum queria vender ou trocar por outra terra. Levaram o caso para uma aposta: no sábado de aleluia, o que falasse primeiro BOM DIA, COMPADRE! ALELUIA! seria o dono da terra. Aceitaram a aposta, mas o sábado de aleluia ainda estava longe, mas a aposta ficou a valer.
Na véspera, o padre André levou a empregada com ele, que era para não adormecer e foram dormir na entrada da casa do compadre Afonso. Perto da porta da casa havia uma figueira. O padre, esperto, ficou deitado com a empregada debaixo da figueira, mas o compadre, mais esperto, já estava em cima da figueira.
A figueira à entrada da casa do compadre Afonso
De noite o padre André ficou brincando com a empregada para não adormecer. Apalpou a cara da empregada, apalpou os olhos e perguntou :
- O que é isto filha?
Ela respondeu...
- Padre, isto são os faróis...
De seguida apalpou o nariz e perguntou:
- O que é isto?
Ela respondeu
- É a chaminé!...
-Apalpou a boca e perguntou..
- O que é isto?
Ela respondeu:
- É a fornalha!... (E o compadre Afonso escutando em cima da figueira!)
O padre André chegou mais abaixo e apalpou os peitos, já tarado, perguntando:
- Que é isto minha filha?
Ela falou...
- São as campaínhas da glória!...
A caminho do inferno...
Apalpou mais abaixo, e excitado perguntou:
- Que é isto, minha filha?
Ela respondeu..
- Isto é o Inferno!
- Se é o Inferno, então vamos lá meter o diabo! argumentou o padre André ...
Aí chegou o dia e o compadre de cima da figueira gritou:
BOM DIA, COMPADRE! ALELUIA!
O padre assustado, olhou, viu o compadre e perguntou:
- Está aí há muito tempo?
- Estou desde que o diabo entrou para o inferno!
O padre perdeu a propriedade mas ganhou o inferno da empregada e há muito tempo que faz uso dele. Padre esperto!
Texto de Domingos Teixeira
Caderno 2
CANÇÕES DE DOMINGOS TEIXEIRA
Se já não bastassem os textos em prosa que o tio DOMINGOS TEIXEIRA escreve, na sua juventude de 91 anos, também o seu computador (a sua cabeça e memória) deram corpo a alguns poemas que merecem ser aqui destacados, como estes:
Menina do lenço preto
Diga-me quem lhe morreu
Se lhe morreu pai e mãe
Pela menina morro eu!
O rapaz agarotado
Que te deu a rapariga
Eu roubei-a ontem à noite
Arrisquei a minha vida
Namorei uma menina
Lá para os lados do Marão
Era bonita, não era
Pobre sim, honrada não
Lá em cima naquela serra
Na capelinha cimeira
Está Nosso Senhor morrendo
Sem lençol nem travesseira
Cheira a cravo, cheira a rosa
E a flor de laranjeira
Tem quem goste de Bujões
Mais do que eu não há ninguém
De Bujões é minha gente
Foi onde nasceu minha mãe
E toda a minha familia
São de Bujões, também
Bujões, querido Bujões,
Bujões de tanta alegria
Quando estou em Bujões
Até minha alma sorria
E não tem ninguém no mundo
Que me tire esta alegria
Bujões, lindo Bujões
És todo abençoado
Tem o Seixo, tem o Bairro
Eira do Pátio e Quinteiro
Tem o Cimo do Povo
E Santo Amaro Padroeiro
Oh Senhora dos Remédios
Para o ano lá hei-de ir
Ou casada ou solteira
Ou mocinha de servir
Maria se te vais
Boas horas vão contigo
Se cá quiseres vir á noite
Comer as papas comigo!
Poemas constantes do caderno 2 de Domingos Teixeira
RAIMUNDA
Como sempre falando de Bujões, falo de gente de trabalho e alegre. Era só aparecerem duas ou três raparigas e já faziam um joguinho da roda, cantando e dançando. Isso falo mais na frente. Agora vou falar de um acontecimento que foi verdade e ainda tem 4 pessoas que são desse tempo e o devem lembrar. São a Maria da tia Cândida, o Manuel da tia Clotilde, Manuel Cigarro e eu, Domingos da tia Maria dos Anjos. Todos quatro tem de idade mais de 90 anos, porque hoje estou escrevendo dia 13 de Setembro de 2012.
Andavam mulheres e raparigas acartando centeio e trigo do campo para a eira para malhar. O campo se chamava Carvalho.
Como sempre, cantando, vinha com os molhos na cabeça. Ao passar por um castanheiro, uma menina chamada Conceição, filha de João Barbosa, começou a gritar com as colegas:
- Não puxem pelo meu molho, senão o centeio fica no chão!
Ninguém puxava, mas o molho dela caíu. A Conceição ficou a falar que ninguém a entendia. Era um espirito ruím se balançando no galho do castanheiro. A menina se assustou, caíu no chão. Era preciso segurá-la, se rasgava, falava uma voz que não se entendia direito. Era a espanhola chamada Raimunda. Esta casou no Brasil com o Gaspar Comba e vieram morar em Bujões. Não me recordo bem dela. Me recordo bem o que aconteceu com a menina Conceição. Sofreu muito com esse espirito ruim quando parecia que estava bem,caía no chão, ficava falando palavrão de todo o tamanho. Falava do passado dela mas não se entendia direito. Quando a menina ficava boa, falava bem, já era uma mocinha sem maldade. Era filha de João Sarolas. A esposa, chamada Felicidade, tinha 5 filhos; Maria Luíza, Glória,Luzia, Conceição e um rapaz, o Sebastião. O pai trabalhava na lavoura de casa. Os filhos ajudavam o pai e a mãe. Mãe e filhas cozinhavam pão que iam vender para Fontelo, Abaças e Bujões. Quem sempre andava com a mãe, era a Conceição, antes e depois deste triste acontecimento.
Tinham um burro que carregava o pão. Um dia, em Fontelo, a menina foi atacada pelo espirito mau. A menina no chão com a boca fechada, falou:
-Quando chegares em casa, o que tens mais gosto vais ter o maior desgosto!
Era o porco. Era costume o lavrador querer ter o maior porco. Era assim. Todos queriam ter o maior porco, o mais gordo. Quando chegou em casa, o burro deu um coice no porco e este morreu.
Aí o espirito deu uma rizada! Espirito ruim que tanto mal fazia à menina e esta foi ficando fraca, cada vez mais doente, porque o espirito estava acabando o tempo de fazer mal. A Raimunda pedia:
-Levem-me para o Padre. Só ele pode dar jeito!
Então levaram a menina para a Igreja. Chamaram o Padre Matias. Quando o Padre chegou o espirito ficou furioso.
Era preciso segurar a menina. O espirito fazia toda a força, mas tinha muita gente. Estava a tia Clotilde, sempre acalmando o espirito que a atendia bem. Além da tia Clotilde, me recordo, estava também o David Russo, o Ilídio, o Nascimento, gente que não tinha medo. Gente medrosa não estava na Igreja. Na verdade metia medo aquela voz estranha saindo da menina e ela com a boca fechada. Era horrível. Eu e outros garotos curiosos estavamos com medo. Quando ela falou para o Padre:
- Tirai-me daqui senão te esgano!
Aí, eu e outros rapazes fugimos. Eu me escondi no altar de Nossa Senhora das Dores, mas quando cheguei lá, me recordo, já estava escondido o Joaquim da Cândida, que era um pouco mais velho. Tremendo, estava o Jaime Piamilhos, estava o João Porquito e outros. O Padre fugiu. Foi para casa. O espirito furioso falou:
- Vão chamar o Padre, aquele careca. Ele está em casa. Fugiu com medo. Se não vier, vou lá e esgano ele!
Chamaram o Padre Matias e ele cheio de medo se aproximou da menina que estava deitada no chão da Igreja. O Padre falou:
- Vai pedir perdão. Há-des ver se te perdoa!
Ela desesperada disse:
- Já lá fui mas não me perdoa. Cometi muitos pecados graves, muitos falsos testemunhos, roubei muitas coisas. difamei, roubei e mudei muitos marcos nas terras dos vizinhos...
Aí, ficou calada. O Padre pedia:
-Raimunda, fala para onde queres que te mande!
Mas ela não falava.
O Padre pegou na chave do sacrário, tentou meter no fundo na boca da menina, mas nem à força ela entrava.
O Padre forçou e a chave do sacrário entrou.
Então, ela falou:
-Degrada-me, despejando o mar com um crivo!
O Padre falou:
Vai... vai... e fica lá ... não tentes mais ninguém!
A Raimunda falou:
- Vou sair, mas não sou eu só. Somos sete, mas todos sairam da menina. Está live mas está muito mal. Tratem dela que vai durar pouco tempo!
A menina ficou sempre doente e morreu passados dias. Teve um enterro bonito. Muita gente presente de todos os arredores.O caixão era branco, como branca era a menina.Vieram muitas raparigas e rapazes de todo o lado.
A Raimunda ao sair, disse:
- Ainda vou noutro lugar!
E foi no Porto, na casa do Justino e fez miséria com cadeiras, louça, talheres, andando tudo pelos ares. O Justino não sabia do que se tratava. Só mais tarde, pela nora, soube que foi a Raimunda.
Tudo passou. O povo ficou assustado por algum tempo, mas foi passando e tudo voltou ao normal, trabalhando como de costume com alegria!
Como já falei, Bujões era pobre mas tinha muita gente que fazia o povo rir e cantar. Era só escutar uma voz cantando e logo se enchia a Eira ou um largo, fosse onde fosse, e havia baile. Não havia domingo ou dia santo que não houvesse baile. Havia missa todos os domingos e dias santos. O Padre se chamava JOSÉ, de Abaças. Primeiro rezava missa em Guiães, depois vinha a Bujões. Vinha de cavalo. Logo que aparecia no Souto do tio Cacho-Chaco, aparecia um rapaz para tocar a sineta da Capela se Santo Amaro que hoje já não existe. Chegava o Padre, tinha uma pessoa que guardava o cavalo. O Padre ia para a Capela, que estava cheia de gente, homens, mulheres e crianças. O Padre já estava preparado, mas tinha que esperar o Sr. Araújo e a Dª Luz, esposa do Sr. Araújo. Aí começava a missa. Vinha a prática ou Evangelho e todo o domingo era esta que nunca me esqueci:
" Esta semana não havia o santo de guarda que a Santa Igreja mande, mas todos os dias são santos para fazer serviço a Deus, Nosso Senhor. Um padre nosso, com uma avé maria por todas as pessoas que concorrem com a sua esmola para o santo sacrifício da missa. ( Cobra 15 escudos por cada missa)."
Falei mais atrás, que a Capela estava sempre cheia de mulheres, homens e crianças, mas hoje não tem uma dúzia de pessoas. Estive lá em Outubro de 2011 e fiquei admirado. A Capela estava vazia, como a escola até estava fechada. Houve tempo, me recordo, estava cheia. Agora só tinha 3 crianças. Há 90 anos não tinha vaga, estava cheia. Eu digo, Bujões não está rico, está pobre. Desse jeito, Bujões vai ficar sem ninguém. No meu tempo de rapaz, vinha um carro a Bujões, ficava logo rodeado de gente. Hoje, a gente vem do cimo do povo até às Lages e não se vê uma pessoa. Bujões pode estar rico em dinheiro, mas pobre em harmonia. A alegria que havia naquele tempo quando havia um baile no largo do Seixo, ficava cheio de gente que dançava. Os idosos se divertiam com os bailarinos. Havia um baile e a sala enchia. O saudoso João Cego, o Joaquim da Cândida, o Artur e outros, era uma alegria. Para novos e velhos, naquele tempo, trabalho em Bujões não havia. A gente ia para as quintas como a Laceira, Quinta da Água, da Prelada e outros lugares. Se trabalhava de sol a sol. Hoje é à hora, serviço mais leve. Já não cavam as vinhas, serviço pesado. A gente vai sumindo e assim acaba tudo. Mas Deus sabe o que faz. Acho Bujões um sanatório. Não tem poluição, as matas crescem e isso é bom para a saúde. Já falei um pouco de Bujões. Vou falar mais quando tiver oportunidade ou que passe por lá.
Quinta da Laceira
Vista aérea da Quinta da Prelada.
Texto do caderno 1 de Domingos Teixeira
O CAMINHO DO CÉU
Caminhos do Céu...
Caminho
do Céu. De menino sempre escutei falar que é ruim, cheio de espinhos, silvas e
muita pedra. Se não houver cuidado a gente cai no chão ao andar no Caminho do
Céu. Tem que ter um acompanhante para o ajudar a amparar, para não cair, mas
sempre ouvi falar que todos nós temos um guarda que nos guarda o Céu, mas para
esse guarda nos guardar, temos que andar bem com ele. Não o devemos aborrecer
aqui na terra, temos de fazer tudo o que ele gosta, ele não se mete em nada que
a gente faz, mas vai anotando num caderno assim como o meu. No dia em que a
gente parte, ele nos acompanha e leva o caderno. Nos acompanha nesse caminho e
não deixa que a gente caia.
No
final do caminho, ainda não dá para ver o Céu que é onde está o Presidente do Céu
com os seus Ministros que fazem um Governo que o ajudam.
No
final do caminho, tem uma sala que é onde todos somos julgados. Forma o Tribunal,
estão os Juízes e tem o Superior, o soldado que nos acompanha em toda a nossa
existência e que abre o caderno e começa a ler toda a nossa vida.
O meu caderno vai ter muitas folhas como esta, porque Deus deu-me uma vida que tem muito para contar. |
Aqui da Terra
tem as testemunhas que são a nossa família, que todos nós temos lá família.
Eles são as nossas testemunhas, mas tem os advogados que defendem e os que
culpam. Os que defendem são os que querem vernos no Caminho do Céu, que é o
caminho de espinhos e pedras. Os que nos culpam são os que querem vernos no
caminho bom, plano, sem espinhos, nem pedras.
Nós temos o nosso Guarda que
também nos defende, que é o nosso Anjo da Guarda e que nos guarda todo o tempo
que a gente está vivo. Quando a gente vai, ele nos defende no Tribunal. Os
advogados que nos culpam, são os advogados do mal, isto é do diabo que quer levar-nos
junto com eles para o Inferno. Eu acredito que há Céu e há Inferno, porque tem
gente que na Terra só pratica o bem, faz bem aos pobres, respeita as leis de
Deus, são bons católicos, bons cristãos, Tem outros que que só praticam o mal,
que só entristecem a Deus, esses não podem ir para o mesmo lugar. Aqueles que acreditam
no diabo, ele promete um mundo para que o adorem. Promete o que não tem. É um
mentiroso, roubador de almas boas que acreditam nas promessas dele. Ele tentou
enganar Deus que o levou no lugar alto onde se avistava tudo e falou para Deus
que Lhe dava tudo o que estava vendo se Deus o adorasse. É para ver o que ele é
de mentiroso e maluco, ao oferecer aquilo tudo o que estavam vendo se não era
nada dele. Tudo o que estavam vendo foi Deus que fez. Vejam como ele é falso,
como queria enganar Deus que é Deus. Então, a nós, pecadores é fácil enganar
com as suas mentiras. É enganador. Por isso é que ele tem uma estrada bonita
que vai dar no Inferno e um caminho ruim que leva ao Céu. Caminho bom ou
caminho ruim somos nós que o construímos. Se aqui praticarmos o bem, seguir a
lei de Deus, com certeza vai na companhia do nosso Anjo que nos leva para o
caminho ruim. Se praticarmos o mal, aí tem o Anjo do mal que nos leva para o
caminho bom, bonito, uma estrada, e logo começa a sentir o calor do inferno que
fica lá para sempre.
Caminho
de espinhos, ruim, quer dizer que a gente aqui tem que se sacrificar, respeitar
os mandamentos que Deus nos ensinou, ter respeito a Deus e a tudo que Ele
manda. Aí, quando fizermos a passagem, vamos com o nosso Anjo que nos leva no
caminho ruim que vai dar no Céu. Chegando lá, está aquele Senhor a quem a gente
chama Pedro.
Abre a porta do Céu. Então pega aquela chave bonita, abre a porta,
aí entra o Anjo, a seguir entro eu e aí vejo aquela multidão de anjos, santos,
a minha família.
Vejo Deus no seu trono e me chama perto Dele, me abençoa e me
manda para o meu lugar. Fico junto da minha família e dos meninos, que lá somos
todos meninos e meninas. No Céu só tem cantos à glória de Deus e orações por
aqueles que ficam para que o espirito do mal não tente e os leve para a estrada
que vai dar no Inferno. É o que eu penso que é o Céu, onde ficarei toda a vida
cantando e orando a Deus Nosso Senhor. Ámen.
O tio Domingos Teixeira à frente da junta de bois carregando uma pipa de vinho, há mais de 60 anos! Neste e noutros caminhos da sua vida ele sempre andou por locais ruins. Por isso, Deus vai dar-lhe o prémio merecido, mas ainda tem muito caderno para escrever.
Texto do Caderno 2 de DOMINGOS TEIXEIRA
OS
SERRISTAS
Num buraco do chão, um dos serradores ajudava o outro no vai-vém constante da grande serra.Tudo à mão... |
O
serrista ou serrador, é uma profissão, mas para falar nesses serristas, grandes
profissionais, aí vou voltar a Bujões.
Só
lá os conheci. Em todas as aldeias vizinhas não havia serristas, só em Bujões.
Iam para longe, ficavam até um mês fora de casa. Eles serravam madeira de pinheiro
para obras, fazendo tábuas, caibros, e toda a madeira para construir uma casa
ou para fábricas de móveis.
Havia muitos. Hoje, estamos a 27 de Abril de 2013,
só tem um vivo. É o meu amigo e compadre Acácio.
Ele serrava com o pai Manuel
Penalva. Serrou muito tempo com o Eurico, mas havia muitos mais. Tinha o
António Rabuto, o meu sogro Diogo e até um casal que veio de fora com filhos
chamado tio Maiato e tinha um filho que também era Maiato. Moravam na Eira do Quinteiro.
Era sabedor e estiveram muito tempo. Não pagaram aluguer da casa e fizeram uma dívida
na venda da tia Maria Guixa e sumiram, ninguém soube deles. Talvez tenham ido
para Lisboa, como fez o Porfírio e o Albino. Foram a pé para Lisboa, eles com a
mulher e filhos. O Porfírio, mais tarde, foi visto em Lisboa. O Albino morava
na Caparica.
Eu ainda estive na casa do tio Albino. O Porfírio e o Maiato não
os vi, mas foram vistos em Lisboa. Isso se chama aventureiros, como eu me
aventurei a ir a Fátima a pé. Dei a pista para os outros que foram a pé para
Lisboa e depois fiz nova aventura. Fui com a mulher e 5 filhos para o Brasil
sem conhecer ninguém.
Mas
estávamos falando da profissão dos serristas que só havia em Bujões. Havia
serrarias tocadas a água, mas a dos serristas ,de tantos que havia, só ficou
um. Que Deus dê saúde ao meu amigo e compadre Acácio e toda a família. DEUS é
PAI. Ámen.
Texto de DOMINGOS TEIXEIRA ( caderno 2)
MEMÓRIAS
DE MARIA
Já tenho falado que todo o morador de BUJÕES tem uma história menor ou maior, porque todos têm um passado na sua vida. Vou falar desta família que merece esta homenagem pela vida sofrida que passaram. Estou falando da tia MARIA DOS SANTOS, ou MARIA GRANDE, casada com Diogo de Jesus Penalva, filho de Ermelinda Penalva. Este esteve muito tempo em França. Vinha a Portugal mas logo voltava. Numa revolução que houve em França expulsaram todos os estrangeiros, principalmente os portugueses. O tio Diogo Penalva e muitos portugueses fugiram pelo esgoto. Andaram muito tempo dentro dos esgotos e saíram numa praia. Onde fosse preso, era fuzilado. O tio Diogo veio a pé até Bujões, andou meses para chegar de França até à aldeia. Chegou doente. Esteve internado no Hospital em Vila Real. Teve alta e veio para casa para se tratar, mas não tinha meios para fazer tratamento. Era preciso descansar e bom alimento e não podia fazer isso. Foi trabalhar. Era serrista. Andava em Poiares ou Canelas serrando madeira. Os patrões davam vinho. À noite vinha por casa dos patrões, bebia em todas as tabernas por onde passavam. Os colegas tinham saúde e aguentavam mais com a bebida, mas o tio Diogo era doente dos pulmões e não aguentava. Ficava dormindo pelo caminho. Os colegas chegavam também trocando as pernas e falavam para a tia Maria:
E
lá estava o Diogo. Parecia morto. Às vezes chovia. Carregávamos ele às costas.
Um pedaço eu, outro pedaço o Inácio, até à cama. Num outro dia, nevava e os
colegas o deixaram com tanta neve, mas tinha um desconto; os colegas estavam
como ele, entortando as pernas, só não caíam! E lá fui eu e o Inácio no mesmo
lugar. Pensámos que não íamos dar com ele, que estivesse coberto de neve.
Chegámos perto do tio Diogo e estava com neve em volta do corpo. Havia neve de
um palmo de altura, mas perto não havia neve. A gente contou isto e falaram que
se estivesse bêbado com cachaça, não íamos ver ele coberto de neve, porque o
álcool não deixa pegar o gelo em volta do corpo! Pegámos nele e o trouxemos até
à cama. Passou uma temporada e já não trabalhava. Era de casa para a taberna da
tia Maria de Jesus ou Maria Guixa, como era conhecida a tia Guixa. Tinha um
copo só para ele. Ninguém bebia no copo onde o tio Diogo bebia. Os médicos
recomendavam que a doença do tio Diogo se pegava. Mentira! A esposa dormia com
ele, nunca separou a cama, nem loiças. As suas filhas e o filho José Miolo comiam
os restos que o pai deixava. Se o pai estivesse com essa doença, a mulher não
chegava aos 89 anos. O filho faleceu com mais de 80 anos. Uma filha morreu com
88 anos e a mais velha está viva com 91 anos e vai fazer 92. Está na França
morando com uma filha. Se o tio Diogo tinha essa doença, a família teria
morrido toda muito nova. Ou o tio Diogo não tinha essa doença ou foi milagre de
Deus que estava guardando essa gente. O tio Diogo era um homem bom trabalhador.
Um homem forte e bem parecido, dá para ver no retrato.
O tio Diogo Penalva, um homem forte, bom, e bem parecido, atingido por uma doença que o levou muito cedo. |
Morreu novo. Tinha 39 anos. A esposa ficou com três filhos, duas mulheres e um homem. A viúva ficou pobre. Tinha umas terras e vendeu-as para tratar do marido e criar os filhos. Tinha o José, conhecido por José Miolo, a Modesta e a Delfina que mora em França que ainda é viva e mais velha do que eu 4 meses.
Eu me casei com a Modesta, já falecida. Pagava aluguer de casa. Nasceu o primeiro filho e já morávamos com a sogra e nunca mais se separou de nós. Foi ela que criou os meus 5 filhos e me criou a mim. Eu já falei que ela ia de noite dar-me o peito onde a minha mãe morasse. Por isso eu digo que mamei na mama da sogra! Gostava muito dela e era para gostar. Me criou, me deu o peito e criou os meus cinco filhos. Todos gostavam dela!
Quando embarcámos para o Brasil, tinha filhos que não queriam embarcar sem a avó. Eu ainda tentei no dia que foi receber o passaporte para viajar e pedi ao cônsul do Brasil para deixar ir a minha sogra. Já era velha, ficava só e tinha criado os meus filhos. O cônsul respondeu com piada:
- Domingos você não tem também um gato ou um cachorro para levar?!
Já
no Brasil, a avó escrevia cartas chorando e nós escrevíamos cartas chorando!
Chegámos ao Brasil dia 29 de Agosto de 1962. Até ao Natal foram quatro meses de sofrimento, mas no Natal a minha sogra já estava passando o Natal com todos nós, graças a Deus.
Quando há vontade e Deus quer, tudo vai rápido. Sempre fomos amigos. Ela merecia ser respeitada. Ela gostava dos filhos, gostava dos netos e de todos em Bujões.
Ela todas as semanas cozinhava tremoços. Começava terça-feira. Cozinhava em grandes potes de ferro. Levava 25 a 30 litros de água. Depois de cozidos, metia-os dentro de um saco, levava para o ribeiro onde corria água, que em Bujões há muita. Andava de olho para não roubarem os tremoços.
Sábado ia buscá-los já bons para comer. No domingo lá estava a tia Maria Grande na porta da taberna vendendo os tremoços. Com um copo e uma vasilha com sal e pratos. Vinha um e dizia:
Chegámos ao Brasil dia 29 de Agosto de 1962. Até ao Natal foram quatro meses de sofrimento, mas no Natal a minha sogra já estava passando o Natal com todos nós, graças a Deus.
Quando há vontade e Deus quer, tudo vai rápido. Sempre fomos amigos. Ela merecia ser respeitada. Ela gostava dos filhos, gostava dos netos e de todos em Bujões.
Ela todas as semanas cozinhava tremoços. Começava terça-feira. Cozinhava em grandes potes de ferro. Levava 25 a 30 litros de água. Depois de cozidos, metia-os dentro de um saco, levava para o ribeiro onde corria água, que em Bujões há muita. Andava de olho para não roubarem os tremoços.
Sábado ia buscá-los já bons para comer. No domingo lá estava a tia Maria Grande na porta da taberna vendendo os tremoços. Com um copo e uma vasilha com sal e pratos. Vinha um e dizia:
-
Tia Maria, me dê cinco tostões de tremoços!
Ela
pegava no copo, media, colocava-os no prato e metia um pouco de sal. O freguês
lá ia para a taberna, e já estavam outros colegas com um jarro de litro ou de meio
litro, ou de quartilho ou meio quartilho, como se usava
dizer. Não é fácil explicar, e pior é entender.
Há
dois anos e meio que eu estive doente, andei 30 dias fazendo tratamento no
hospital, comecei a ler um livro que a minha sobrinha Dulce me deu. O livro do
Doutor Germano. Já o li duas vezes porque mostra muita gente que eu conheci em
Bujões. Me deu vontade de escrever. Era fácil escrever. Comecei a escrever num
computador velho. Eu nunca me tinha sentado para escrever. Não sabia como se
começava. Comecei igual a uma galinha picando milho! Apertava uma letra,
procurava daí a meia hora, apertava outra letra… no fim a palavra estava
errada. O computador não aceita erros. Aí procurava até acertar a palavra. Escrevi
no computador parte da minha vida. Escrevi quando nasci e me levaram para
Portugal. Escrevi muito e com o tempo já estava escrevendo melhor e mais
ligeiro. A minha filha nunca tirou do computador o que eu escrevi. Parte da
minha vida foi para o ferro velho. A minha filha comprou um caderno grande e
comecei a escrever já no caderno tudo o que estava no computador. Mandei para a
minha sobrinha Dulce, mas não sei se ela entendeu. Ela nunca falou se leu e
entendeu alguma coisa. Eu nunca tive coragem em perguntar. Hoje, para o que eu
era no início, sou um doutor em letras. No início escrevia, mas não lia direito
o que escrevia. Hoje escrevo e leio bem melhor e daqui a 10 ou 15 anos estarei
ainda melhor. Quem viver verá que estou falando deste jeito mas sabe Deus que
estou escrevendo à uma hora da manhã do dia 21 de Maio, porque não durmo. Falta
o ar, está muito abafado, mas Deus é Pai e os 100 anos estão chegando.
Na
primeira cirurgia que fiz no Hospital Cardoso Fontes, o médico que me atendeu
no hospital, chamado Dr. António, falou para mim:
-
Domingos tu vais chegar aos cem anos!
Se
não chegar aos cem anos, lá em cima eu vou brigar com ele porque mentiu! Para
mim com coisas sérias não se brinca! Por isso Dr. António, se eu não chegar aos
cem anos, me pede desculpa e perdão. Deus não aceita mentirosos pecadores no
Céu! Por isso Dr. António reza para que eu chegue lá, senão vai ser uma briga
feia.
Ah,
mas na presença de Deus não se briga, só se dá graças a Deus. Ámen.
Hospital Cardoso Fontes, no Rio de Janeiro. O Dr. António que se cuide... mas opere descansado que o tio Domingos vai mesmo chegar aos cem! |
Memórias de
Domingos Teixeira (caderno 2)
De surpresa chegou mais um caderno com diversos textos das memórias de vida deste nosso querido bujoense, o tio Domingos Teixeira, sendo já o terceiro que nos envia e que, aos poucos, iremos publicando nesta sua página do blogue. Infelizmente não os poderemos publicar todos, mas já está sobejamente demonstrada a enorme qualidade deste escritor que transmite e deixa patente em palavras simples o seu carácter bondoso e humilde.
Continue, tio Domingos, que sempre que haja tempo acrescentaremos mais um dos seus inúmeros contos. Você merece!
Tudo o que escreve são retratos vivos que o seu " computador" registou ao longo da sua vida tão preenchida, sendo sem dúvida momentos da sua impressionante vivência humana, numa época em que tudo era tão diferente dos tempos actuais naquele cantinho da aldeia secular de Bujões.
Tendo em conta que esta semana passada nasceu o meu primeiro neto, o Tiago, também neste seu conto que vou colocar em seguida se pode estabelecer esse paralelo entre o modo como eu vim a este mundo- sem parteira e sem assistência especializada- e os apoios que a ele não faltaram, nem faltam a ninguém actualmente, sejam ricos, remediados ou pobres.
Nada melhor que este pequeno conto para louvar e enfatizar esta época tão bonita do NATAL! Festas Felizes para o nosso escritor e sua Família!
DEU À LUZ
Se lembram que eu perguntei se
deu para entender aquela senhora que foi carregada no ombro de homens para o
Hospital e que deu à luz uma criança? Quatro dias depois deram-lhe alta. Ela e uma
pessoa da família que a acompanhava lá vinham a pé de Vila Real até Bujões. Eu
já falei como é que aquelas duas mulheres carregaram aquele pedacinho de vida
humana enrolada numa manta, e a mãe com muito carinho, junto ao seu peito,
amamentando ele. Mas se ela não comeu, não tinha leite para a criança. Era essa a
situação: mulher rica pare bem, mulher pobre pare também. O mundo é de todos.
Madames tinham e têm os filhos nas maternidades, casas de saúde, assistidas por médicos
e enfermeiras. As mulheres pobres tinham os filhos em casa, no campo trabalhando,
no caminho…
Em Bujões havia umas senhoras que
davam um jeito entendendo de parto. Aí, se uma mulher tivesse um filho com uma “parteira”,
queria sempre a mesma “parteira”.
Eu fui parteiro! Saibam como foi.
Eu ia para Vila Real. Já não se ia por Abaças. A estrada de Bujões estava
parada na ponte de Jorjais, mas já se ia por lá, para Vila Real. Eu ia chegando
na ponte e na beira da estrada vi uma mulher deitada no chão, gemendo.
Ela me chamou. Eu conhecia-a.
Chamava-se Rosa.
- Domingos, me ajuda… , disse ela:
Eu fiquei tremendo.
-Domingos fica calmo …
A mulher estava dando à luz!
Me aproximei e vi a criança
nascendo.
- Domingos, rasga uma tira da
minha blusa, torce e faz um cordão…
Fui fazendo como ela mandava.
-Tens uma navalha?
-Tenho.
Ela fazia força e a criança ia saindo. Ela me mandou segurar e então fiquei com aquele pedacinho de vida nas mãos!
Um pedacinho de vida nas mãos! |
Me mandou com a blusa dela limpar
a criança, amarrar com o cordão que eu tinha feito com um bocado dessa mesma blusa e
falou onde eu ia amarrar o cordão perto da barriga da criança. Amarrei… Mandou
dar um nó no resto da tripa que estava amarrada a ela. Eu enrolei a criança na
blusa cheia de sangue e ela me disse:
-Domingos… Obrigado! Vai na
Portela e pede na taberna para o Sr. José pedir uma ambulância…
Eu corri, pedi ao Sr. José e ele
telefonou. Num instante chegou uma ambulância. Vim com eles e chegámos onde
estava a mulher. Colocaram ela na ambulância. Eu vim junto até Vila Real. A
senhora ficou internada quatro dias e passado esse tempo já estava em casa com
o seu menino que eu ajudei a vir ao mundo!
Hospital antigo de Vila Real . Poucos bujoenses aqui nasceram! |
Era esta a situação do pobre
passando mal. No parto normal nasciam em casa com as suas “parteiras”, mas na
minha lembrança pouca gente nascia no hospital. Todos nasciam em casa, nos
campos ou nos caminhos e eram saudáveis.
A divina providência é forte e
abençoada por Deus. Amén!
FESTAS DO ANO
Vou recordar três grandes festas que, no meu tempo, havia em
Bujões.
Hoje, tem essas festas mas não tem como comemorar. Não tem
gente como tinha naquele tempo. Estou falando do NATAL, ANO NOVO E DIA DE REIS.
Naquele tempo tinha rapazes e raparigas, muita gente para encher uma sala de baile, uma eira ou qualquer largo.
No Natal, como já falei, o rico tinha tudo, o pobre não tinha nada.
Então, 8 ou 15 dias antes do Natal, eu e outros pobres andávamos pedindo azeite, batatas. Um dia antes, pedíamos couve. E assim, na NOITE DE NATAL, todos tinham uma mesa farta, porque todos davam azeite, batatas, farinha, açúcar, davam tudo para a Ceia de Natal, que dava até ao ANO NOVO.
Vou contar uma coisa que ainda hoje me dá tristeza. Havia gente que dava com vontade, até levavam em casa. Outras pessoas corriam com a gente, mandavam-nos trabalhar com cinco ou seis anos. Dava para trabalhar? Diziam:
- Ide embora, quem vos fez, que vos sustente!
Isso deviam ser pessoas a quem Deus esqueceu de dar alma!
Mas isso já passou. No Natal era Noite de festa, muita alegria. Já havia vinho para alegrar a gente. Ia pedir água-pé e havia gente que dava água-pé e uma garrafa de vinho! Para quem não sabe o que é água-pé, vou explicar. Do bagaço que fica (restos dos cachos das uvas), quando se esmagam para tirar o vinho, misturava-se com água, mexia-se bem e colocava-se num pipo, onde ficava uns tempos para depois beber. A ceia do pobre era assim: batatas, raia, couve, açorda feita com bacalhau e fritas de bacalhau.
Muito bacalhau, batatas e muita couve, bem regadinhas com azeite! |
A minha mãe sempre fazia um pouco de aletria. Vinho, água-pe, muito azeite nas batatas e na arraia e na couve.
No dia 25, dia de Natal, como a minha mãe criava galinhas, reservava um galo para eese dia e igual para o Ano Novo .
A gente ia nas matas onde havia pinheiros mansos, arrancávamos as pinhas e colocavam-se no lume e tiravam-se os pinhões.
Havia a vender, mas também se fazia o RAPA que era um pião quadrado que tinha um pé para se agarrar e um bico para dançar (rodar). Tinha quatro lados: R.T.D.P.
1 – RAPA ( leva tudo)
2 – TIRA ( só o que acabou de pôr)
3 – DEIXA ( não tirava nada)
4 – PÕE (colocava mais um, ou o que estiver combinado)
O famoso RAPA |
Era o brinquedo do pobre, jogando com pinhões.
Acabadinho de RAPAR... |
O rico brincava com
confeitos ou amêndoa.
Os confeitos dos ricos... |
A ceia do rico era diferente: assava um cabrito ou peru,
ou um pernil de porco, e colocavam na mesa com arroz, batata assada. Uma mesa
de tudo, era aquele que tinha a mesa mais bonita. O pobre comia e ia para
Poiares para a missa do galo. Era uma missa bonita, à meia noite e ia muita
gente.
IGREJA DE POIARES. Enchia toda na missa do galo! |
Dia de Reis, em 6 de Janeiro, era uma brincadeira. Se juntavam rapazes e raparigas. Iam às casas, de noite, cantar os Reis. Era como se falava. Vamos cantar os Reis e se inventava uma canção, que era assim:
NA FOLHA DA PALMA BRANCA
VIVA A SENHORA MARIA
SUA ALMA JÁ ESTÁ SANTA!
Nota final: Hoje, como é possível viajar pelo espaço em poucas horas, não deixaria de ser lindo se um grupo de bujoenses tivesse possibilidades de rumar a caminho do Rio de Janeiro, onde mora o tio Domingos Teixeira, e cantar os Reis para ele e familia na noite de 5 para 6 de Janeiro! Se calhar não recebíamos figos secos, nem nozes, nem orelhas de pessego, nem tão pouco a famosa aletria de sua mãe, mas dar-nos-ia certamente tanta coisa boa que por ali abunda e, seguramente, o calor da sua bondade humana e da sua fé em Deus... no fundo o mais importante e que ele tem tanto que chega para dar e vender!
E nós, afinados, cantaríamos...
QUEM DIREMOS NÓS QUE VIVA
COM CARINHO E COM AMOR
VIVA O TIO DOMINGOS TEIXEIRA
QUE TEM ALMA DE ESCRITOR!
ELE VAI CHEGAR À CENTENA
DISSO PODEM TER A CERTEZA
E NEM PRECISA DE NOVENA
PONHAM ALETRIA NA MESA!
E UM BOM VINHO, QUE RIQUEZA!
DISSO PODEM TER A CERTEZA
E NEM PRECISA DE NOVENA
PONHAM ALETRIA NA MESA!
E UM BOM VINHO, QUE RIQUEZA!
Tio Domingos, desculpe, mas estava tão boa que já lhe comi uma fatiazinha!.. |
Adorei parabéns meu pai é lindo o que acabei de ler ainda não tinha lido. Que DEUS lhe de vida e muita memória para escrever histórias que ficarão guardadas em nossa mente.
ResponderEliminarola tio eu sou a lucia venho agora mesmo de ver as suas palabras lindas eu adorei eu digo o mesmo que a minha prima .Que DEUS lhe de vida emuita memoria e saude para escever mais coizas lindas um grande beijinho da sua subrinha que nunca o esquesera.
Eliminareu como filho mais velho nao tenho essa memoria tem o meu velho fico orgolhozo por ter uma memoria de jovem obrigado pai deus te conserve assim por muinto tempo deus olhe sempre por voce obrigado paulo
ResponderEliminarRealmente o meu pai tem um computador na memória é mesmo fascinante vê-lo lembrar de coisas que se passaram a anos e cada coisa que se lembrar é um brilho nos olhos.Que DEUS permita que ele fique com essa memória até partir, pois só tenho agradecer a DEUS pela sua lucidez. Obrigado SENHOR e agradece ao Paulo por esse incentivo que ja estou a enviar o segundo caderno.
ResponderEliminarVOVÔ NEM É TÃO VELHO...
ResponderEliminarUma tarde o neto conversava com seu avô sobre os acontecimentos e, de repente, perguntou:
- Quantos anos você tem, vovô?
E o avô respondeu:
- Bem, deixa-me pensar um pouco...
Nasci antes da televisão, das vacinas contra a pólio,
comidas congeladas, foto copiadora, lentes de contato
e pílula anticoncepcional.
Não existiam radares, cartões de crédito, raio laser nem patins on-line.
Não se havia inventado ar-condicionado, lavadora, secadoras (as roupas simplesmente secavam ao vento). O homem nem havia chegado à lua.
Nasci antes do computador.
Até completar 25 anos, chamava cada homem de "senhor" e cada mulher de "senhora" ou "senhorita".
Ensinaram-nos a diferenciar o bem do mal, a ser responsáveis pelos nossos atos.
Acreditávamos que "comida rápida" era o que a gente comia quando estava com pressa.
Ter um bom relacionamento, era dar-se bem com os primos e amigos.
Tempo compartilhado, significava que a família compartilhava férias juntos.
Não se conhecia telefones sem fio e muito menos celulares.
Nunca havíamos ouvido falar de música estereofônica, rádios FM, fitas K-7, CDs, DVDs, máquinas de escrever elétricas, calculadoras (nem as mecânicas quanto mais as portáteis).
"Notebook" era um livreto de anotações.
Aos relógios se dava corda a cada dia.
Não existia nada digital, nem relógios nem indicadores com números luminosos dos marcadores de jogos, nem as máquinas.
Falando em máquinas, não existiam cafeteiras automáticas, microondas nem rádio-relógios-despertadores. Para não falar dos videocassetes, ou das filmadoras de vídeo.
As fotos não eram instantâneas e nem coloridas.
Havia somente em branco e preto e a revelação demorava mais de três dias.
As de cores não existiam e quando apareceram, sua revelação era muito cara e demorada.
"Hardware" era uma ferramenta e "software" não existia.
Fomos a última geração que acreditou que uma senhora precisava de um marido para ter um filho.
Agora me diga quantos anos acha que tenho?
- Hiii... vovô.. mais de 200! Falou o neto.
- Não, querido, somente 91 anos!! VC É DESSA GERAÇÃO DA CANETA AO PAPEL!!! E O QUE ESCREVE HJ É LINDO DE SER LER!!! DE SUA NETA MÔNICA BJS !!! CONTINUE SEMPRE ASSIM!!!
Verdadeiramente o tio Domingos Teixeira é um homem formidável. Escritor de alto nível, porque dele emanam contos e memórias de Bujões que merecem ficar recordados para sempre. Hoje mesmo recebemos o seu segundo caderno de Memórias e ainda temos o primeiro para aqui deixar transcritos mais alguns contos. Vamos deixar passar o Verão, a dificil situação de minha sogra que me obriga a gastar imenso tempo, para então, logo que seja possível, irmos acrescentando mais histórias deste brilhante escritor bujoense. Como ele não irá para o Céu tão depressa, pois ainda tem muito que escrever, que leia também este texto tão bonito que a Mónica, sua neta, escreveu. Todas essas manifestações de carinho dos filhos, dos netos, de nós que transcrevemos os seus textos tão bonitos, servirão para que o tio Domingos Teixeira continue a inspirar-se e recordar aqueles velhos tempos em que Bujões lhe marcou o coração e a alma. Afinal,para dar valor às coisas simples da vida,aos sentimentos que nos marcaram os caminhos, apenas basta um caderninho, uma esferográfica e o "computador" ainda com muita capacidade. Parabéns tio Domingos Teixeira!
Eliminarlindo para uma pessoa com essa idade ter essa capacidade de escrever parabéns!!!!!!!!
ResponderEliminarparabens para esse senor de 91 que bela memoriadeus o elumine sempre
ResponderEliminareu estou ademirada como ele se lembra dessa coisa de tantos anos atrz que maravilha de memoria eu li a estoria que ele esta escrevendo no goolge eu pesquisando vi essa bela estoria voce que esta poblicando estoria de senhor eu espero o fim desse livro deve ser lindo parabens
ResponderEliminarQue lindo vô parabéns por vc ter conseguido alcançar esse objetivo ficou maravilhoso, encantador e muito emocionante. Que Deus possa te abençoar sempre pois tudo que conquistamos na nossa vida é enviado por Deus . Beijos e parabéns!!!
ResponderEliminarcomo bujões é grande em sabedoria e grandeza em pessoas com grandes exemplos de vida a pesar de grandes dificuldades Como a mihha familia COMBA parabens é um orgulho ser de bujões
ResponderEliminarParabéns vô que Deus abençõe sua vida bjs!!
ResponderEliminarParabén vô,q vc continue sendo essa pessoa especial sempre!!E q Deus abençõe sempre sua vida...Bjs!!
ResponderEliminarVô Domingos parabéns que sua memória seja sempre abençoada por DEUS. bjs
ResponderEliminarolha vô muitas vezes DEUS está em silencio, mas está cuidando do senhor para lhe dar essa memória, que o senhor tem com os seus 91 anos, e por ele estar cuidando de do senhor e lendo essas histórias, que lhe dou meus parabéns e que DEUS lhe ilumine sempre lhe dando muita luz. bjs.
ResponderEliminarparabens que memoria deus esteja sempre com voce e te de saude para continuar lembrando disso tudo pois com 91 anos so deus para lhe eluminar
ResponderEliminarSó mesmo meu pai para inventar essas historias são pequenas mas da até pra rir kkkkkkkkk
ResponderEliminarcontinue assim com essa distração, que lhe apareceu nos seus 91 anos. Obrigada a DEUS por essa graça.
Nossa estou pasma de ver como meu pai se lembra das pessoas que la viveram e alguns ainda vivem. Como ele consegui não esquecer das pessoas. Memória impressionante que DEUS não permita que lhe falte, porque ele continua a escrever e acredito que os que tem a mesma idade dele não se lembram das coisas do passado.Eu só tenho que agradecer a DEUS. Obrigado SENHOR. e a voce jose de paula pelo blog que tanto incentiva ele.
ResponderEliminarParabéns meu pai eu não tinha descoberto a sua grandeza de conhecimento tão magnifico de bujões, pois fiquei emocionado pelas recordações guardadas em sua mente,pois é com orgulho que tenho desse blogue que tão bem é realizado pelo meu amigo José de Paula.
ResponderEliminarSó tenho que agradecer a DEUS pela sua capacidade de memoria e de escrever coisas que nos faz reviver o passado e que muitos não tem conhecimento dos fatos de bujões.
poxa vó cada vez fico mais feliz em ler essas coisas lindas que nos emocionam e que nos deixam orgulhosos do senhor. um grande beijo da neta.
ResponderEliminarEu Edir tua nora estou felicissima demais em acreditar no que li. E agradeço a DEUS meu pai do céu que nunca lhe falte essa memória espetacular, que lhe conserve essa lucidez em viajar por coisas do passado e mostrar a grandeza que existiu em bujões com tanta gente amigas parabéns meu sogro continue assim adorei saber das historias. beijos!!!!!!!
ResponderEliminarParabéns josé pelo neto que ele lhe de muitas alegrias e que seja uma criança muito feliz, que DEUS o acompanhe sempre. E obrigada pelo grande incentivo ao meu pai que continua a escrever e o bem que lhe faz nesses 91 anos bem vividos e com muitas histórias para contar. Um grande abraço do meu pai.
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