OS BUJOENSES QUE MORRERAM POR PORTUGAL

A meu ver, que nem sequer fui militar, nada existirá de mais nobre para o ser humano do que aquele que, por vicissitudes várias da sua vida  e da vida do seu país, se vê compelido a pegar em armas e defender o terra onde nasceu, o solo pátrio, as raízes de seus antepassados, ou mesmo deslocar-se para países distantes, para sítios em que era suposto que o seu esforço e coragem fossem forte contributo para a defesa dos ideais que determinaram a sua ida, bem como dos seus camaradas de luta.
BUJÕES, terra pequena, solo  de homens calejados no trabalho duro dos campos, gente sem medo e amante das suas leiras, hortas e matas, apegados aos caminhos, casas e costumes herdados dos seus inesquecíveis pioneiros que receberam aquelas terras por Foral de D. Sancho I, no ano de 1191, dali partiram em busca de melhor sorte diversos dos seus filhos, seguindo os caminhos da emigração para o Brasil, África e centro da Europa e, igualmente, como soldados e até oficiais que se empenharam em grandes batalhas na defesa de princípios que cimentaram a nossa grandeza como nação, ufana das fronteiras mais antigas da Europa.
Hoje vamos falar apenas daqueles que  partiram um dia para servir a Pátria, deixando para trás familiares e amigos e que, das mais diversas formas, afrontaram o inimigo sem temor e que após cumprida a sua missão regressaram à sua aldeia natal, simples e humildes como quando a deixaram, retornando orgulhosos do dever cumprido.
Quem pode esquecer aqueles que estiveram na primeira e segunda guerras mundiais? Quem pode esquecer aqueles que em Timor, India, nos antigos territórios de África, sobretudo em Angola, Moçambique e Guiné, lutaram bravamente em defesa de ideiais que eram os então defendidos pelo nosso país? E quem esquecerá as lutas pela nossa independência dos reinos de Castela, Leão e Aragão?
Porém, acima de tudo, importa recordar aqui e deixar uma página para sempre aos heroicos bujoenses que perderam a vida em defesa da sua Pátria. Mesmo que isso não tenha sido suficiente para justificar aos que decidem, sem nada conhecer, não aceitar colocar o seu nome numa simples placa de uma qualquer rua da aldeia a que nunca mais voltaram, ou mesmo uma placa genérica de RUA DOS COMBATENTES de BUJÕES, bastarão  os seus nomes para que os mais jovens, herdeiros desse património moral que nunca por nunca deverá ser esquecido, possam um dia fazer-lhes justiça e para que esta chama  jamais se apague.
Nunca esqueçais um combatente, nunca desprezeis o seu exemplo, honrai sempre a sua memória, porque homens como aqueles que verteram o seu sangue pela defesa da Pátria, são o fermento que fortalece a grandeza de uma nação e sem os quais o nosso futuro coletivo já teria sido apagado e, consequentemente, caída por terra a bandeira que é o símbolo e glória desses heroicos conterrâneos.
Honra aos nossos combatentes. Glória eterna aos bujoenses que deram a sua vida ao serviço de Portugal! Além dos que abaixo documentamos, outros haverá que ficaram no anonimato da crueldade dos ferozes combates em que se terão envolvido e que nem condições houve para identificar.





JOÂO RODRIGUES,  "Em o primeiro dia do mês de Março de mil setecentos e dez anos, faleceu João, ... filho de Manuel Rodrigues da Azenha, do lugar de Bujões, dessa freguesia, em o Alentejo, na campanha, por ser soldado..." 




MANUEL PIRES, solteiro, filho legítimo de Francisco Pires, de Bujões, faleceu sendo soldado na Praça de Chaves em Novembro de 1787.






"Aos quinze dias do mês de Fevereiro de mil oitocentos e trinta e três, faleceu da vida presente para a Eternidade e com os sacramentos precisos, ANTÓNIO PINTO, do lugar de Bujões desta freguesia de São Pedro de Abaças... que era soldado miliciano  e estando no serviço militar com o seu Regimento de Vila Real, faleceu no Hospital de Braga e no cemitério do dito foi seu corpo sepultado no dia seguinte e não fez testamento. E para constar digo era casado o dito António Pinto com Maria de Figueiredo, do dito lugar de Bujões..."




E no primeiro dia do mês de Março de 1834, chegou a noticia de ter falecido na campanha o soldado miliciano MANUEL ROIZ (Manuel Rodrigues) do lugar de Bujões, filho legitimo de Joaquim Francisco e Isabel Vilela. Dizem que faleceu no Hospital de Santarém.



E no primeiro de Março de 1834 chegou a notícia de ter falecido o soldado de cavalaria MANUEL DE FIGUEIREDO do lugar de Bujões, solteiro, filho legítimo de José Lopes de Figueiredo, já defunto e de Leonor Alves. Dizem que faleceu no Hospital de Santarém





 
 
JOSÉ RICARDO MARTA, morto em combate em Moçambique em 27/11/1966


Moçambique - Révia, Nova Freixo, Muôco, Marrupa, os últimos caminhos percorridos pelo José Ricardo Marta.



 Quartel de Marrupa

Cemitério do quartel de Marrupa. 8 pedras assinalando o local de repouso daqueles que deram a sua vida em combate pela Pátria. A 2ª pedra, da direita para esquerda, assinala o local onde foi sepultado o valente soldado bujoense José Ricardo Marta. 

Monumento erigido em memória dos militares mortos da Companhia de Caçadores 1571, entre os quais o soldado 22979 José Ricardo MARTA.


 

 
 
 

Painel do Memorial, em Belém, onde está gravado o nome de José Ricardo Marta e de vários milhares de soldados mortos na chamada guerra colonial.



 O CAMINHO DA MORTE

Nesse dia 27 de Novembro de 1966, saiu do quartel de RÉVIA, a caminho de Nova Freixo. Depois do almoço em Muôco, já  no regresso, 15 Km antes de Marrupa, foram emboscados e atacados com metralhadoras e lança granadas, cerca das quatro horas da tarde. Foram mortos 3 soldados, entre os quais o Marta, e um sargento, além de quatro feridos. Os atacantes, além de diversos feridos, tiveram 7 mortos confirmados.
O nosso querido bujoense José Ricardo Marta, ainda hoje recordado com muita saudade pelos familiares e amigos, ficou sepultado numa espécie de cemitério militar, em Marrupa e ali repousa para sempre. Ninguém esquecerá este heroico soldado português que tem o seu nome no MEMORIAL DOS COMBATENTES MORTOS AO SERVIÇO DE PORTUGAL,  situado ao lado da Torre de Belém, em Lisboa, sendo o único da nossa freguesia. Pelo seu carácter, retidão  e qualidades humanas, o JOSÉ RICARDO MARTA jamais será esquecido do coração dos bujoenses.


JVPaula

2 comentários:

  1. Ola eu sou a Susana sobrinha do José marta estou a gostar do que vocês estão a fazer pelas pessoas de Bujoes continuem.

    ResponderEliminar
  2. Olá Marta. Obrigado pelo teu incentivo. Em tua homenagem coloquei hoje uma foto que eu mesmo tirei do teu Painel de Belem onde consta o nome do teu tio, que conheci e muito admiro.Sobre os Combas vai sair no futuro muita coisa no blogue. Está atenta e quando quiseres dá a tua opinião.

    ResponderEliminar